Tal qual num rompante de final de ano, parte da sociedade incauta foi induzida a uma euforia descomunal em relação ao desfecho do julgamento do “mensalão”.

De repente, a mídia espetaculosa alardeou aos quatro cantos a “novidade”; a Warner gravou e a Globo passou o espetáculo dos debates no Supremo entre o bem e o mal.

Alvíssaras! Fez-se justiça!

Que justiça? Pois é, que justiça? Ainda que alguns possam se contentar com pouco, o certo é que não houve nada para comemorar. Foi alarme falso, pois ainda não chegamos à plenitude que almejamos no que se refere à prontidão e à agilidade da Justiça.

E cabe repetir: Justiça tarde é injustiça.

São, portanto, improcedentes as críticas desferidas contra o Congresso Nacional, especialmente nessa nova composição onde entram condenados, indiciados e acusados de crimes.

Se na Câmara Federal tem criminosos impunes, a culpa é única e exclusiva da Justiça, que teve tempo de sobra para agir e impedir que chegassem ao Parlamento e nada fez.

Ah, a Justiça é morosa mesmo – dizem. É não. A Justiça é morosa quando é conveniente; quando não é (conveniente) a Justiça é ágil.

Não sei onde está a “indignação” no fato de o sr. Carlinhos Cachoeira ter sido flagrado livre, leve e solto gozando das belezas naturais no litoral baiano.

Será que em pleno século 21 ainda pode existir nesse mundo de meu Deus alguém tão pueril ao ponto de acreditar que um homem que paga 10 milhões de reais à vista, a um advogado, pode vir a ser alcançado um dia pela Justiça?

Essa ilusão não me pertence mais, ó, faz tempo.

E enquanto a frase “todo cidadão é igual perante a lei” for um blefe constitucional, não dá sequer para festejar a luz no final do túnel.

É que aos condenados e indiciados que a Justiça permitiu que tomassem posse na Câmara Federal, me diz que a luz no final do túnel é o trem vindo em sentido contrário.

Sai da frente.