A história pode não se repetir, mas torna a acontecer muito parecida. É verdade que o final pode mudar, mas a essência permanece.

Vejamos:

Na década de 1960 um radialista se destacou e virou prefeito de Maceió. Foi o migrante paraibano Sandoval Caju, em cuja gestão deu-se inicio à expansão urbana da capital alagoana.

Surgiram várias ruas e várias praças, ornamentadas com o “S”, que ele negava se tratar da inicial do seu nome, e sim de “Sorriso” – que adjetivava o slogan de Maceió, “A Cidade Sorriso”.

O certo é que o “S” ficou marcado e até serviu de pretexto para o processo de cassação a que foi submetido. Serviu para ilustrar a acusação de uso do erário em proveito próprio.

Na verdade, o Sandoval Caju foi cassado para evitar que se elegesse governador na eleição de 1965.

A cassação o levou ao ostracismo e daí ao esquecimento; Sandoval Caju encerrou a carreira política com o mandato de prefeito de Maceió.

Meio século depois o maceioense elegeu outro radialista para a prefeitura. Foi o Cícero Almeida, que, igual ao Sandoval Caju, tem a carreira política meteórica.

E, igual ao Sandoval Caju, tem também a possibilidade de cair no ostracismo. Essa possibilidade é diretamente proporcional aos processos a que responde.

A estranhíssima decisão que o inocentou no “golpe do lixo” só colocou mais azeite à fogueira. Numa decisão surpreendente, o procurador Luciano Chagas admite que “houve rolo, mas não houve dolo”.

Algo assim parecido com a estória do “bom ladrão”, como se pudesse existir ladrão bom. Além desse caso, que foi aguçado com a decisão estranha inocentando-o de dolo no rolo, tem o processo da “Operação Taturana”.

Na hipótese de Cícero Almeida escapar dos processos, a possibilidade de ele vir a disputar outra eleição majoritária é igual à chance de a história se repetir na sua integralidade.

Ou de um raio cair no mesmo lugar duas vezes. É possível, mas tão raro que quase não há registros.

Almeida perdeu a confiança; o senador Benedito de Lira, seu protetor no primeiro mandato, lamenta:

- "Ele (Cícero Almeida) não fez amigos; fez patrimônio".

Dizem que às vezes é melhor amigo na praça do que dinheiro na caixa. Não sei se podemos generalizar, mas, na política, com certeza, é melhor cumprir os acordos e jamais perder a confiança.

Para o ex-prefeito Cícero Almeida, a partir da meia-noite de segunda-feira 31 não será apenas mais um Ano Novo.

2013 será o ano em que Cícero Almeida vai entender quanto é cruel a Roda Viva, que nos leva contra a corrente até não poder resistir. E na volta do barco faz a gente sentir o quanto deixou de cumprir.

Na Roda Viva, a gente não tem mais voz ativa porque o destino ela joga pra lá. E tudo porque começou a circular o Expresso 2022.