No melhor estilo mineiro, o senador Renan Calheiros atravessou o ano de 2012 alternando a discrição com a aparição sutil.
Renan contabilizou vitórias e 2012 lhe foi um ano muito positivo. Em dezembro de 2011, a presidente Dilma lhe sugeriu disputar o governo de Alagoas.
Em dezembro de 2012, o senador Renan galgou um espaço que lhe credencia à presidência do Senado – que é o desejo maior dele, com todo o direito.
Renan foi retirado da presidência do Senado num desses golpes sórdidos onde se procura desviar o foco do motivo verdadeiro.
E o motivo verdadeiro foi a discriminação sulista; o resto é ardil.
Maior bancada no Senado, o PMDB que Renan lidera começou a gestão da presidente Dilma dividido pelo G-8, como se chamou o grupo dos oito senadores que se diziam independentes.
Desses, a rigor, resta apenas o senador Jarbas Vasconcelos, mas isto por uma querela regional com o governador Eduardo Campos.
Renan conseguiu aplacar a ira dos correligionários rebeldes; o senador Eduardo Braga virou líder do governo, o senador Vital do Rego se ocupou na CPI, e por aí vai.
Aliás, outro dia, no corredor das comissões do Senado, o senador Eduardo Braga se dirigiu ao senador Renan chamando-o de presidente, e isto para todo mundo ouvir.
- “Vamos lá, presidente!” – disse Eduardo puxando o Renan pelo braço e livrando-o do assédio da imprensa.
Entre os próprios servidores do Senado a expectativa pela volta do senador Renan à presidência da Casa parece contaminar a todos.
Mas, Renan permanece reticente. Do mesmo modo que não trata da candidatura ao governo de Alagoas em 2014, também não trata da candidatura à presidência do Senado.
A correria em 2012 deixou Renan estafado e não é para menos. Na quinta-feira, 20, dia do inicio do recesso, Renan era um dos poucos senadores que poderia ser visto na Casa.
E, na quinta-feira, ele estava reunido com a ministra Idelli Salvatti, que se surpreendeu com a disposição dele enquanto a maioria já aderiu ao recesso.
Talvez seja isso o que faz a diferença.
Aliás, o senador Renan já avisou que a comissão de senadores que ficam de plantão no recesso, e da qual ele faz parte, vai se reunir agora em janeiro para definir o reajuste do salário-mínimo, entre outras coisas.
E para quem esqueceu foi o senador Renan, quando era presidente, quem acabou com as convocações extraordinárias no Senado durante o recesso.
Foi ele quem criou essa comissão para ficar permanentemente à disposição do Senado.