A situação é alarmante. A proliferação de erros médicos que aumentam à proporção dos anos, somada ao caótico estado em que se encontra a saúde no Brasil agora ganha um dado a mais a ser levado em consideração no triste enredo sem nota a envergonhar a medicina brasileira: a reprovação de mais de 50% dos profissionais que se formaram em Medicina no Estado de São Paulo no ano de 2012.


Os números foram revelados pelo CREMESP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo no primeiro exame obrigatório para o registro profissional naquele estado) com quase 2.500 estudantes de medicina e que não obtiveram êxito em sequer 60% das questões que envolviam os conhecimentos básicos para a devida formação do médico no atendimento à população.


Desconsideradas 86 provas em razão do boicote proposto por alunos que se posicionaram contra o referido exame de proficiência pós-formação, o primeiro exame nos revela algo preocupante: a péssima formação dos profissionais na área da saúde.


Contestar a validade da prova, sua eficácia ou seus objetivos não irão esconder o resultado que choca pela ausência de aptidão daqueles que deveriam estar preparados para salvar vidas: os novos médicos e médicas do nosso país.


Mais do que se colocar contra a prova é necessário que se faça algo para que a medicina não sucumba tal qual vem acontecendo com o curso de Direito nos últimos anos em face da mercantilização do ensino no país - com o curso de Direito a média de aprovação no exame da OAB tem oscilado entre 15 e 20% em mais de 1700 cursos existentes atualmente - e realmente salvar a vida de muitos pacientes que não podem e talvez nem tenham tempo para serem cobaias vivas de médicos deformados e despreparados para o exercício da medicina.


Necessário que tal exame se espalhe Brasil afora e possa medir o conhecimento dos médicos formados em outros estados a fim de que se faça um raio X expondo todas as fraturas e fissuras existentes entre o ensino e a formação do médico, diagnosticando a verdadeira causa da “doença” e propiciando a cura do doente para retirar a medicina da UTI evitando, assim, que tantas vidas se percam em erros que são muito mais do que uma prova de proficiência, aonde o êxito é conhecer apenas e tão somente 60% das teorias e práticas médicas.