Na “certidão de nascimento” do Brasil, o escrivão Pero Vaz de Caminha deixou registrado o que seriamos quando crescêssemos.
Depois de deitar loas sobre a “terra descoberta” e concluir que tudo que nela se plantasse germinaria, Pero Vaz de Caminha aproveitou para pedir um favor ao rei.
Pois me espanta que ainda haja quem se espante quando pipocam essas notícias de favorecimentos no serviço público e coisas e tais.
Está tudo lá, na certidão de nascimento.
E tudo isto no rastro do espetáculo jurídico no julgamento do “mensalão”, que muitos açodadamente comemoram como marco de um país que mudou.
Mudou nada.
Observem que as penas anunciadas não eram definitivas e estão sendo rebaixadas, com a possibilidade de muitos dos condenados serem beneficiados pela prescrição.
No Brasil é assim: a justiça tarda e falha, porque justiça tarde não é justiça. E a justiça só é morosa quando interessa.
Surge agora o escândalo de uma chefe de gabinete que mandava mais que ministro, pois tinha acesso livre e privava da intimidade do presidente da República, o PR.
Enquanto pode, a chefe de gabinete Rosymeire arquitetou planos em proveito próprio e arrumou os amigos onde esses indicavam que queriam.
Rosymeire agia na periferia com a desenvoltura de uma veterana e a vantagem de passar ao largo; quem sabe ela se imaginava inatingível por escutas telefônicas e quebra de sigilo.
Mas, esperem, e isso continua sendo praticados, é? E não disseram que era só o PC Farias que intermediava vantagens na República e faturava com isso?
Gente! De tudo o que se disse até hoje sobre ética, só me resta recordar a frase messiânica do PC Farias ao depor na CPI:
-“É tudo hipocrisia”.
E isso tudo acontecend e nós aqui na praça, os “Fulecos da Silva”, dando milho ao pombos...