Amigos, como sabem, estou envolvido nas eleições da OAB apoiando Thiago Bomfim e a chapa Renova OAB. Pois bem, já estava muito incomodado com algumas movimentações e certas formas de abordagem, tais como notinhas plantadas por jornalistas a serviço ou mesmo pela baixaria das redes sociais. Nada disso, porém, chegou a impedir um pleito, no geral, bastante limpo.
Nessa campanha, estou tendo a oportunidade de conhecer pessoas, ouvir novas e interessantes ideias e de exercitar a divergência da forma mais democrática possível. Em todas as chapas tenho amigos e colegas e nunca confundi adversário com inimigo. Isso tem proporcionado um bom debate, salvo as exceções de praxe.
Porém, o que vinha sendo uma campanha de alto nível, desceu anteontem ao fundo do poço. Uma gravação reveladora coloca em xeque a atual administração da OAB e aponta para uma prática nefasta de compra de votos por meio de pagamento de anuidades. Além disso, comprova o uso de informações privilegiadas para influenciar na eleição e até mesmo levanta a possibilidade de que a arrecadação da OAB e sua estrutura física pudessem servir para favorecer uma determinada chapa, notadamente, aquela que representa a atual gestão.
Nada do que eu escrever pode ser mais revelador do que o conteúdo da gravação. Há insinuações sobre a existência de um “saco de dinheiro” e sobre a possibilidade de uso da máquina (“temos a arrecadação”), há a sugestão de que a OAB use sua estrutura administrativa, a revelação de dados sobre inadimplentes que só a atual gestão poderia ter, a elaboração de um plano para fazer parcelamentos e depois proibi-los às outras chapas, etc.
É uma coisa estarrecedora!
Qual a reação esperada diante de uma atrocidade dessas? Por parte dos envolvidos, esperava pelo menos um pedido de desculpas sobre o que a gravação já mostra. Admitiria que se negasse a efetivação do plano de compra de votos, mas que pelo menos reconhecesse o uso de informação privilegiada e pedisse desculpas aos advogados e à sociedade, ou que renunciassem aos seus cargos. Mas não foi isso que ocorreu. Chegou-se a dizer que a prática de compra de votos por meio de pagamento de anuidades é uma coisa comum. Não é! Não queiram jogar a lama de uns em todos! Tenho certeza que muitos dos próprios membros da chapa envolvida não concordam com o ocorrido e, imagino, também se sentiram agredidos.
E por parte dos demais advogados, principalmente os candidatos? Esperava equilíbrio. Mas nem todos assim agiram. Teve gente fazendo um verdadeiro carnaval, expondo todos os advogados e agindo como urubu em cima da carniça. Esse triste episódio não é palanque! Minha amiga Candice Almeida aqui do Cada Minuto bem destacou que “Se a intenção fosse boa, quando fez a gravação, nos idos de agosto, teria tomado atitude de pronto para que fossem evitados quaisquer danos à OAB e não agiria interesseiramente para se aproveitar do período eleitoral”. Exato.
O diálogo travado demonstra uma série de abusos, mas isso não legitima práticas sorrateiras ou uso político de um episódio que pode manchar para sempre o nome da OAB. Não concordo com isso.
Sigo na linha da nota emitida pela Chapa Renova OAB. Espero apenas que esse episódio seja devidamente esclarecido e que, após o devido processo legal, sejam punidos aqueles que se comprovarem culpados. Sempre preservando os demais advogados que, em sua grande maioria, não compactuam com esse tipo de prática.