Pasmem!
Um dos pedidos do governador Geraldo Alckimin ao governo federal, para combater a violência, foi para a Polícia Militar ser autorizada a realizar patrulhamento e blitzes nas rodovias federais que cortam o Estado de São Paulo.
Seria cômico, se não fosse trágico. E o trágico é trágico mesmo, com a estatística de guerra apontando uma baixa de 90 policiais, sem que até hoje os direitos humanos tivessem se manifestado para confortar a família dos policiais que tombaram em combate.
São os “soldados desconhecidos”, que são aqueles cujos feitos e identidade se perderam na memória. Mas, para não desestimular os que ainda estão vivos, é dever homenageá-los como sujeito oculto da oração.
Imagine só o pedido do governador paulista, para quando discutir o problema da violência no país não esquecer de mencionar o modelo arcaico de segurança pública. Imaginem também que não há outro país com mais policias, que o Brasil.
Temos até a Polícia Ferroviária, que consta na Constituição. Só não temos trem, e os que ainda circulam são da empresa privada.
Imagine a PM paulista perseguindo um bandido, que adentrou para a rodovia federal e se safou. Ufa! Foram salvos pela BR, porque a PM não pode atuar nas rodovias federais.
E por que esse modelo arcaico é mantido? Porque se formou um condomínio, de modo que na segurança pública do país existem vários síndicos e cada um cuida dos seus condôminos. Abolir o modelo arcaico é o mesmo que acabar com as regalias e os privilégios que a exclusividade garante.
E assim o país segue adiando as reformas que necessitam ser feitas, ó, quando o Mar Morto ainda estava doente. A reforma política, a reforma fiscal, a reforma da previdência, a reforma da segurança pública...
Ninguém reforma nada, porque ninguém quer ceder nada.
Essa guerra em São Paulo é uma guerra contra as instituições e pode se estender pelo país assim como o “crack” se disseminou.
E a maioria assiste a tudo como se não passasse de espetáculo urbano natural, onde o crime deixou de indignar porque se tornou parte do enredo.
E o que fazer? Penas mais duras? Redução da maioridade? Mais policiais nas ruas?