“Políticos sem-vergonha existiram todos os tempos e sob todos os regimes; mas encontram melhor clima nas burguesias sem ideais. Onde todos podem falar, calam os ilustrados; os enriquecidos preferem escutar os mais vis enganadores. Quando o ignorante se crê igualado ao estudioso, o fanfarrão ao apóstolo, o parlapatão ao eloquente e o mentiroso ao digno, a escala de mérito desaparece em uma vergonhosa nivelação da vilania”.
A assertiva de José Ingenieros em obra irretocável (O homem medíocre) merece profunda reflexão nestes dias. Principalmente quando o assunto envolve a democracia e pleitos eleitorais onde o vale-tudo na busca do voto não possui limite ético.
Atacar para nivelar os desiguais sempre para baixo e como forma de desmerecer a história, as conquistas, as lutas, os valores é o instrumento dos medíocres que com medo de perder a batalha no campo das propostas, da decência, da coragem e dos valores, descambam para o escárnio, para a mentira e para a infâmia, sempre no afã de igualar o ofendido ao nível do agressor.
Aqueles que outrora lhe cortejavam e enalteciam suas qualidades de repente viram seus maiores detratores. E por quê? Pelo simples fato de não conseguirem se igualar no campo do conhecimento, das ações, dos méritos colhidos.
Anões no campo da cultura e do trabalho, ilustres desconhecidos na profissão por não exercê-la tentam entrar no jogo para ganhar alguma notoriedade na busca deste nivelamento vilão mencionado pelo autor ora destacado.
E o que devem fazer os atacados, verdadeiras vítimas deste jogo democrático onde a meritocracia nada interfere ou conta para efeito de distribuir com justiça os valores e princípios coletados e cultivados por toda uma vida?
Penso que a ignorância e o silêncio retumbante sejam alguma resposta, até porque no campo da mediocridade só quem sabe jogar mesmo são os medíocres e neste aspecto fico com a pureza da frase cunhada de há muito: “ Quem discute com um imbecil, torna-se refém de sua imbecilidade”.