Quando os governadores não eram eleitos pelo povo, mas indicados pelos generais que comandavam o país após o golpe de 1964, Guilherme Palmeira foi indicado por Suruagy para sucedê-lo em 1979.
Mas, foi difícil emplacar, porque os generais da linha dura reagiram sob a alegação de que Guilherme era irmão de dois comunistas: Moacir, o cabeça pensante da Fetag, e Vladimir, o líder estudantil que levantou o Rio de Janeiro em marcha contra o golpe.
Guilherme foi o último governador a ser anunciado e contam que a escolha se deu graças a uma jogada de mestre de Suruagy. Foi assim:
O senador Luiz Cavalcante, general da reserva e revolucionário de primeira hora, era o presidente da Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido do governo, e Suruagy o levou para a audiência com o general Geisel, presidente da República, e que já havia optado por Geraldo Bulhões por indicação do presidente nacional da Arena, Francelino Pereira.
Na reunião, o general Geisel apresentou o nome de Bulhões e Suruagy passou a palavra para o senador Luiz Cavalcante, que respondeu:
-“É um bom nome, mas o Guilherme soma mais”.
E o general Geisel aceitou a ponderação. Geraldo Bulhões dormiu governador de Alagoas e acordou desconvidado.
Guilherme se cercou de assessores competentes; entregou a Secretaria da Fazenda para o promotor José Thomaz Nonô; a secretaria de Saúde, para o médico José Bernardes; o Planejamento para o economista e professor da Ufal, Evilásio Soriano; a secretaria de Educação para o médico e professor José Medeiros e deu início ao pólo cloroquímico. E teve mais: Eduardo Uchoa, Antônio Alves, Pedro Oliveira, José Osmando, Nivaldo, José Bandeira, coronel Nelson Augusto,entre outros.
No governo de Guilherme foi construída a adutora do Sertão, sem a qual a situação hoje seria ainda pior para os sertanejos.
Também expandiu o turismo, com o trabalho pioneiro do saudoso Manduca ( Manoel Cavalcante ) que, já naquela época, propunha “interiorizar o turismo” alagoano.
E o então governador Guilherme Palmeira, sem se importar se estava sendo vigiado ou não pelos arapongas do Serviço de Informações do governo, se encontrava no hotel com o Vladimir – que morava na época em Brasília.
Esse testemunho nós apresentamos, porque eu era o mensageiro que ia procurar o Nilson Miranda para que ele (Nilson) descobrisse o Vladimir, pois o Guilherme estava em Brasília. E fazia isso com o maior orgulho, num desafio à ordem vigente que era dada pelo general Newton Cruz – o comandante de Brasília.
Achava bonito, digamos, aquela relação mesmo diante do perigo de quando ainda não era tolerável se auto definir comunista. Já havia sinais de abertura, é verdade, mas a concepção de arrebentar os opositores ainda permeava muitas cabeças empedernidas.
Se o prefeito Rui Palmeira seguir o mesmo critério do pai, quando foi governador, a probabilidade de transformar Maceió numa outra cidade é muito grande. É importante governar com a política, mas sem esquecer da política de governar.
Ou seja: a competência deve ser o requisito principal na escolha dos auxiliares, porque só o auxiliar competente conhece a política de governar. E só ao prefeito deve ser permitido governar com a política.