A questão jurídica prejudicou o candidato Ronaldo Lessa, mas não influenciou no resultado da eleição. Se tivesse influenciado o número de abstenções e votos nulos teriam ultrapassado o limite da normalidade – e não ultrapassou, logo, Rui Palmeira seria eleito prefeito de qualquer maneira; o máximo que poderia acontecer numa disputa sem o imbróglio jurídico atanazando o candidato da oposição seria Lessa levar a eleição para o segundo turno.

E como Rui se elegeu logo no primeiro turno, com quase 60% dos votos, tem-se aí mais uma prova de que a opção do eleitorado maceioense por ele ( Rui ) já estava sacramentada desde a primeira pesquisa de intenção de votos.

A eleição em Maceió deixou várias lições, mas, a mais importante é que o eleitor considera o “chapão” como formação de bando. Repeti-lo em 2014 é suicídio.

Outra lição é que a esquerda em Alagoas é Heloísa Helena. O PC do B e o PT não têm prestigio nem voto; o vereador eleito pelo PT chegou à Câmara por mérito próprio obtido pelos favores profissionais, tal qual os candidatos fazem tradicionalmente, ou seja, apenas com discurso panfletário o PT em Maceió não elege ninguém.

Mais uma lição: o prefeito Cícero Almeida não transfere votos, e isto o senador Benedito de Lira já sabia. Muito antes da eleição, o senador disse-me que em 2010, quando Almeida lançou a irmã para deputada estadual, ele (Benedito) lhe aconselhou a lutar para elegê-la.Senão, iria se desmoralizar.

E a irmã de Almeida obteve apenas 3 mil votos, sequer se elegeria vereadora em Maceió.

Fica também como lição o recado do eleitor para o candidato que ainda insiste nos ataques pessoais para atingir o adversário - e, como aconteceu, em relação aos ataques ao governador Téo Vilela, de forma indireta.

No começo da campanha Lessa mostrou para o eleitor que não havia mudado em nada. Ao atacar o governador Téo Vilela pondo-lhe apelidos, Lessa perdeu ali os votos do eleitor que esperava dele uma demonstração de maturidade política.

Frustrado com os destemperos de Lessa, o eleitor comedido concluiu que elegendo-o estava contribuindo para a desarmonia entre os Executivos estadual e municipal – e isto não é bom para ninguém. Moral da história: antes de perder no voto, Lessa perdeu no verbo.

O candidato Rui Palmeira pressentiu as falhas do adversário e tocou a campanha embalado pela música do saudoso Gonzaguinha, que ensina:

Cama de gato/ Olha a garra dele
Cama de gato/ Melhor se cuidar
No campo do adversário/ É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha/ Pra poder ganha
r.

E, como se viesse na carona do sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões, Rui viu que havia mais que uma brecha. Havia um rombo que Lessa só fazia ampliar à medida que discursava.

As lições que a eleição em Maceió deixou se resume no seguinte: de hoje em diante modifique o modo de vida. Senão, a oposição vai virar o peru na ceia de Natal e morrer na véspera da eleição.