A derrota da prefeita Mellina Freitas, em Piranhas, e a diferença mínima da vitória do prefeito Lula Cabeleira, em Delmiro Gouveia, foram os dois recados que vieram do Sertão trazidos pelo vento eleitoral que soprou domingo passado.
Mas, não é nada para se surpreender.
Piranhas não é mais aquela cidade acanhada na beira do rio São Francisco e que, de tão arraigadamente bucólica, servia de inspiração para o saudoso Altemar Dutra – que fazia serenatas em noite de luar, na beira do rio.
Surgiu a Piranhas Nova, à sombra da Chesf e de Xingó, e com ela os forasteiros que vieram a procura de emprego e foram ficando. E com eles, uma nova classe de eleitor que já não dá muita trela para Piranhas Velha.
É interessante observar que a população de Piranhas Velha estagnou e morre mais eleitor do que nasce, ao contrário da Piranhas Nova, onde a população só faz crescer. Para se ter ideia da “modernidade” tem até favelas em Piranhas Nova, entre elas a “Fazendinha”, que está se tornando um latifúndio de problemas.
Sem dúvida esqueceram desse detalhe e, não por coincidência, o novo prefeito de Piranhas tem base lá em cima, na Piranhas Nova, e de há muito vinha demonstrando que um dia iria fazer um estrago. E fez.
Pela primeira vez a família Damasceno Freitas perdeu o poder e vai entregar a chave da prefeitura para um “estranho”.
É que a família Damasceno Freitas esqueceu de que a política é movida por RPM. Ou se acerta no tempo ou fica-se vendo o tempo passar.
E em Delmiro Gouveia, o prefeito Lula Cabeleira esperava se reeleger consagrado e tomou o maior susto com o verdadeiro “milagre” que o padre Eraldo fez. Mesmo perseguido e depois de ter sido deixado só de “pevete” na campanha, o padre Eraldo arrancou 12 mil 288 votos de um eleitorado fiel.
Lula Cabeleira se reelegeu, é verdade, mas a diferença foi de apenas 872 votos. Se a eleição demorasse mais e o padre Eraldo pudesse fazer mais duas procissões, sei não...
São os ventos que vêm do Sertão mostrando que a biruta em 2014 pode endoidar de vez. Cuidado, pois, com o recado que veio das urnas da caatinga.