A revista Veja publica nas páginas amarelas a entrevista com o poeta Ferreira Goulart, que já foi comunista e não é mais. No golpe de 1964, Goulart foi obrigado a fugir do país e se exilou em Moscou.
Não vou reproduzir a entrevista. Acho que é igual a contar o final do filme e, também, porque a entrevista me fortalece nas convicções já reveladas neste blog. Triunfante, eu descubro com a entrevista do poeta e ex-comunista que posso ser um sonhador – mas não sou o único.
Mas, vamos por partes porque é inegável a contribuição de Karl Marx na formação de uma sociedade mais justa. Não podemos negar a contribuição da Teoria Marxista e da discussão materialista na consecução de um mundo melhor – ainda que necessite de melhorar ainda mais.
Para mim, a importância fundamental da Teoria Marxista foi “domesticar” o capitalismo selvagem.
A questão é que, ao “domesticar” o capitalismo selvagem, a Teoria Marxista alimentou o monstro. A ironia da história é que foram os comunistas que ficaram com a pecha de monstros e comedores do fígado de criancinhas.
Muitos embarcaram nas convicções marxistas com fé cega e faca amolada; muitos partiram no rabo do foguete e morreram para provar as suas convicções e são sim heróis.
Ninguém pode negar a contribuição dos irmãos Miranda (Jaime e Nilson) na formação da oposição à aristocracia açucareira alagoana. E essa oposição é e sempre será salutar para a consolidação da democracia do capital – que é esta democracia na qual vivemos e que outra melhor ainda não há.
Foram muitos os mártires, cuja luta, ainda que em defesa de um modelo incompatível com a “natureza” humana, serviu para as conquistas de avanços sociais que se imaginavam inatingíveis.
O capitalismo triunfou porque não existe capital fixo – todo capital é variável. Até uma caneta recarregável é o capital variável do escrivão, assim como o cartucho recarregável é o capital variável do soldado.
Tem ainda a questão religiosa, pois a religião foi, é e sempre será a condutora maior da humanidade. Um pensador antiquíssimo, quando Aristóteles ainda não havia teorizado sobre o Comunismo Primitivo, disse o seguinte:
- “Na história da humanidade você pode encontrar cidade sem lei, sem justiça regular, sem exército regular e sem fortificação. Mas jamais encontrará uma cidade sem conhecimento dos deuses”.
Chamava-se Plutarco, o pensador antiquíssimo.
E não por coincidência, não foram os canhões nem os mísseis quem puseram abaixo o Muro de Berlim e rasgaram a Cortina de Ferro.
Foi a religião.
Mais precisamente, a religião sob o comando do “general” João Paulo II. Por isso, eu recomendo a leitura da entrevista do poeta Ferreira Goulart.
Boa leitura!