A presidente Dilma descobriu cedo que lhe arranjaram um vice-presidente diferente e tratou de se precaver.

Marco Maciel, o vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso, não falava nem se o mandassem falar; e José Alencar, o vice-presidente de Lula, só falava combinado com o presidente e ainda assim quando o Lula queria dar um recado contra as altas taxas de juros.

Ambos, Marco Maciel e José Alencar, iam dormir cedo; o Palácio da Alvorada, a residência oficial do vice-presidente da República, sempre estava às escuras quando FHC e Lula iam para casa e passavam obrigatoriamente pela porta. É caminho.

Com Michel Temer é diferente e a presidente Dilma percebeu que teria de ocupar a cabeça do seu vice, senão ele a ocuparia pensando nela (Dilma) e isto não é bom. Não tem nada de maquiavélico nisso – aliás, Maquiavel não era maquiavélico.

Tem sim muito de sabedoria que leva à prevenção. A presidente Dilma começou a mandar o vice Michel Temer viajar, de modo que não há na história do país um vice-presidente com tantas horas de voos- igual a Temer.

A Dilma é mesmo soda, seu Fócrates.

Quem conhece a Dilma já aprendeu a medir o seu humor e a entender quando ela quer colocar o ponto final na conversa, e fazendo prevalecer a sua opinião.

Por exemplo: quando a presidente Dilma trata alguém por “santo”, ela está entabulando uma conversação, seja com o interlocutor ou com a pessoa com quem (ela) fala.

- Meu santo, me faça isso ou aquilo. Meu santo, me veja isso ou aquilo! Meu santo, você não acha que é melhor fazer assim e assado?...

Mas, quando a presidente Dilma diz:

-Ô meu santo!!!

Aí, é melhor não demorar a entender o que ela quer realmente dizer e jamais contestá-la. Dizem que foi assim, por exemplo, com a greve dos servidores públicos. Alguém tentou argumentar segundo a ótica do Dieese, cujos números embalaram a esquerda durante muito tempo, e a presidente Dilma fincou pé no confronto.

Moral da história: em 2013 tem mais greve, porque greve no Brasil faz parte do calendário escolar e do planejamento dos sindicatos. Greve é igual ao Carnaval – todo ano tem.

Mas, os grevistas brasileiros profissionais ou amadores nunca tiveram pela frente uma mulher para negociar - e mais dura de roer que beira de sino.

A Dilma é soda, seu Fócrates.