A advogada Rachel Cabus será candidata a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas. Atual vice-presidente da OAB, ela conta com o apoio do presidente Omar Coelho e da diretoria para dar seqüência aos avanços conquistados pela advocacia alagoana nos últimos anos. Seu nome foi definido após uma articulação iniciada com a saída do advogado Marcelo Brabo, que inicialmente era o candidato do grupo para sucessão. Foi o próprio Brabo que sugeriu o nome de Rachel Cabus, ao anunciar a desistência em julho.

As eleições acontecem em novembro e definem também o futuro conselho federal – que já tem Omar Coelho como candidato por Alagoas. Nessa entrevista, ela explica o que aconteceu para ascensão do seu nome nas vésperas da eleição, presta contas do que foi feito pela gestão, relembra o prestígio do presidente Omar Coelho na categoria e detalha o que os advogados esperam para o próximo biênio da OAB.

Entrevista

A senhora é candidata a presidente?

Sou candidata a presidente da Ordem. Duas pessoas se apresentaram ao presidente Omar em outubro de 2011 como pretensos candidatos: Welton Roberto e Marcelo Brabo. Omar sempre externou que Marcelo era o nome pelo qual ele tinha preferência, até mesmo pelo tempo que ele tinha participando do grupo. Em uma conversa Omar disse a Welton Roberto que não era impossível que ele fosse candidato. “Você trabalha, Marcelo trabalha. Aquele que lá na frente estiver melhor na pesquisa, maior aprovação da classe, melhor aceitação, o grupo apóia”.

Foi ali que a campanha começou?

O Welton começou a trabalhar e o Marcelo Brabo também. Isso ainda no final do ano passado. E o que aconteceu. Quando a gente dizia que o Marcelo era o candidato do grupo, a gente não tinha aquela reação de aceitação, de elogio, de apoio, comum em campanha eleitoral. Ele dividia bastante o grupo. A gente ouvia para continuar com Omar e Rachel. Eu mesmo respondi várias vezes que era uma decisão do grupo. A gente sempre escutava: não tem outra pessoa? A rejeição era praticamente unânime. Ninguém vibrava. Isso começou a gerar no grupo certo receio. Foi feita uma pesquisa e objetivamente a gente constatou que ele tinha uma rejeição muito alta. Por outro lado, Omar se fosse para uma terceira disputa tinha a preferência dos advogados.

O que Omar fez?

Omar tentou ajudar e manter o mesmo grupo, afinal as pessoas queriam que ele fosse o candidato. Quantas vezes a gente não escutou: “se o Marcelo Brabo for candidato eu saio do grupo”. O tempo foi passando e a rejeição continuando. Por outro lado, Omar não queria ser candidato. Ele tem uma perspectiva muito grande de ser conselheiro federal, de integrar a diretoria do Conselho Federal, uma coisa muito boa para Alagoas, com chances até de ser diretor da chapa de Alberto de Paula. Como presidente da OAB em Alagoas ele já conseguiu recursos para viabilizar a nova sede, imagine a representação na diretoria nacional.

Então veio uma nova pesquisa?

Sim. Com o Welton Roberto definindo que não voltaria ao grupo, foi feita uma nova pesquisa. Foi constatado que o Marcelo Brabo tinha alta rejeição e que seria praticamente inexistente a sua chance de êxito. Foi montada uma comissão com João Lippo, Tutmés Toledo e Paulo Brêda para conversar com ele e mostrar a situação. Eles foram ao encontro e apresentaram o quadro de divisão se a candidatura fosse mantida. Marcelo então aceitou a proposta, declarando que queria indicar o nome, pois não concordava com um terceiro mandato de Omar. “Indico a Rachel e o Paulo Brêda. Se o Paulo não quiser, indico o meu irmão Daniel Brabo como vice”. Rachel é a sucessora natural, ela é a vice e tem este direito. Foram palavras dele.

E a senhora aceitou?

O encontro foi numa quinta, 12 de julho. Na sexta recebi uma ligação de Omar e conversamos por mais de uma hora com ele me explicando tudo o que aconteceu. Pedi um tempo para decidir. Passei o final de semana pensando. Na segunda-feira fui até a OAB, estavam quase todos por lá para tentar me convencer. Foi quando eu disse que gostava de desafios e aceitei a proposta do Marcelo Brabo. Então foi feita a conversa com o Paulo para que aceitasse ser o vice. Ele também aceitou. E eu achei ótimo. Por saber que o Paulo tem palavra, é de chegar junto, de apoiar, assim como eu fiz com o Omar. Sempre presente, de nunca abandonar o barco.

Vocês conversaram com o Marcelo Brabo?

Na terça-feira, 17 de julho, fomos até o escritório dele ainda pela manhã e colocamos que eu e Paulo aceitamos a indicação. Eu ainda agradeci a indicação dele e prometi honrar. Ele aceitou, elogiou e disse que era uma decisão do grupo. Neste momento ele me passou os planos de gestão de “Como pensa Marcelo Brabo”. Eu ainda tenho a cópia guardada. Ele então me passou uma série de missões, uma delas era a de conversar com a advogada e professora Socorro Vaz, que segundo o Marcelo Brabo não caminharia conosco, se eu fosse a candidata. No momento me causou estranheza, pois ela sempre encontra comigo na faculdade e temos a melhor relação. Eu liguei para ela para dar a notícia. Para dizer que eu era a candidata da situação na eleição da OAB. “Socorro, sai agora do escritório do Marcelo, ele me indicou e eu aceitei”. Foi uma festa. Eu fiquei tão emocionada. Ela falou que eu poderia colocar o nome dela em qualquer propaganda. A alegria dela é inenarrável.

E a situação foi contornada?

Liguei para Omar para comemorar. Eu até falei que não existia resistência da Socorro Vaz. Que ela nos apoiaria, que montaria um comitê para nossa campanha. Foi quando pela tarde comecei a vez algumas postagens estranhas do Marcelo Brabo no Facebook com um discurso diferente. Eu liguei para Omar, que também começou a achar estranho. Quando foi na quarta, o jornalista Ricardo Mota falou com Omar que lhe disse que o Marcelo não era mais candidato, fazendo publicar em seu blog. Daí, Marcelo desistiu de desistir e foi quando nasceu a confusão. Eu falo nos olhos dizendo o que aconteceu, sem inventar nada. De lá pra cá ele começou a dizer que não tinha sido comunicado e em uma entrevista disse até que ficou chateado por não ter tido tempo de comunicar a decisão aos amigos e a família, mas teve uma semana para fazê-lo e não o fez.

A senhora então aceitou essa missão?

A gente não podia mais esperar. O tempo estava passado e a categoria cobrando. O advogado não queria mais a indefinição. O advogado não queria mais a divisão. O advogado quer uma OAB para todos. Presente, participativa e atuante. O advogado quer o quadro definido para poder se definir. Para conhecer as propostas. Na hora que Marcelo Brabo colocou meu nome, na hora em que ele apresentou essa definição e eu aceitei essa missão, a situação estava definida. Ele queria o que? Que eu ficasse esperando uma reviravolta? Não podia. Sou candidata da situação a sucessão de Omar e com seu integral apoio e de todo o grupo. E com meu nome lançado muitos voltaram para nos apoiar, felizmente.

E os demais candidatos?

Welton Roberto faz parte da gestão. Ele é conselheiro federal da nossa gestão até o dia 31 de dezembro. Ele não é oposição. De igual sorte o Marcelo Brabo, ele também é conselheiro federal nosso. O outro candidato é o Thiago Bomfim que foi o vice-reitor da Escola Superior da Advocacia, na primeira gestão do Omar, e apoiado por dois outros conselheiros federais da gestão Felipe Sarmento e Fernando Paiva. A única que não integra a nossa gestão, é a Claudia Amaral, mas que já teve passagem na OAB, na década de 90, quando foi secretária-geral adjunta na gestão do nosso Romany Rolland, atual reitor da ESA.

Será um desafio?

Levar a Ordem a frente é muita responsabilidade. Por isso que eu levei alguns dias para tomar essa decisão. Quando me eleger a presidência da OAB, eu sei o peso da responsabilidade e confiança que os advogados estão depositando em mim. Eu não posso ser leviana, não posso ser irresponsável, não posso colocar minha vida pessoal a frente dessa função que eu pretendo exercer. Eu sei o que é a OAB. Sou vice-presidente a cinco anos e oito meses Quando você concede uma entrevista você tem uma repercussão imensa. Até em um depoimento pessoal, as pessoas interpretam que não é a Rachel que está falando, mas a vice-presidente da OAB. Você não pode deixar em nenhum momento de ser a vice-presidente da Ordem. Por isso, sei da responsabilidade e estou apta para dar continuidade ao trabalho de engrandecimento da advocacia alagoana, reconhecida nacionalmente.

E quais foram as conquistas?

A gente conseguiu fazer muita coisa pela gestão. Conseguimos fazer 53 salas do advogado. Solucionamos os problemas da Caixa de Assistência, interiorizamos a OAB, estamos construindo sedes próprias de Subseções, criamos mais duas Subseções de Porto Calvo e Delmiro Gouveia. O advogado é respeitado e a OAB sempre a seu lado. Fizemos um convênio com o portal Libber. O advogado vive de prazo e o que perde os prazos está morto. Todos os advogados adimplentes tem direito de receber na sua caixa de e-mail todas as intimações que saem em seu nome em qualquer Justiça. Quem não tem este portal paga mais de 1 mil por ano para receber este serviço. Nos adequamos ao processo virtual que do determinado pelo Poder Judiciário. A diretoria demonstrou preocupação desde o início. E preocupação com o pequeno e médio advogado que iriam ter um gasto muito grande com este aparelhamento. Não era uma questão da OAB. Era uma imposição do Poder Judiciário e precisávamos nos adequar. E os mais antigos também tem dificuldade para usar. Fui várias vezes ao TJ para falar com o presidente Sebastião Costa Filho para encontrar uma solução. Fui questionar, dizer que o advogado estava tendo problema, que o próprio serventuário não sabia usar o sistema, que estava causando prejuízos aos advogados. Resolvemos colocar um guichê na Justiça Estadual com vários computadores para tirar dúvidas. Isto é serviço da OAB para o advogado. Isto garante um exercício da advocacia com dignidade.

A OAB ganhou mais representatividade?

Não teve um advogado que procurasse a OAB informando uma mácula ao exercício da profissão, para que não fosse feito um desagravo. Para que não tenha alguém da comissão de prerrogativas saindo em defesa. Não deixamos ninguém abandonado. Não teve nenhuma ameaça de magistrado ou intimidação de representante do Ministério Público que não tivesse sido rebatida com um ato enérgico da Ordem. É a OAB presente, estando ao lado do advogado. Também prestando serviço a sociedade, para que a instituição seja respeitada. E se a instituição é respeitada, o advogado é respeitado também. É o advogado forte. Fora as comissões que nós temos a frente destas questões sociais. Tudo para dar condições de trabalho digno aos advogados. Por isso que todos que são da situação, que estão vendo a credibilidade da instituição, que encontram a representatividade da OAB na sociedade querem agora assumir o comando.

Teve algum desafio superado?

E a CAA todo mundo julgava impossível ser sanado. Era o principal ataque de quem fazia oposição. A dívida da caixa foi tirada do buraco pelo Dr. Augusto Galvão e seus diretores, em uma tarefa hercúlea. Hoje tem dinheiro em caixa, foi colocado consultório odontológico, criada condições para quem tem necessidades especiais, na própria OAB se ensina processo virtual, serviço de fisioterapia e nutricionista para os advogados.

E qual o próximo desafio?

A sede nova em Jacarecica. Ela está garantida pelo Conselho Federal. Vamos terminar a primeira etapa da sede nova até dezembro, pelo menos a parte administrativa. E para concluir a sede integralmente, precisamos ter força junto ao Conselho Federal, com a liderança de Omar, de Pedro Acioli e dos demais que virão integrá-lo para buscarmos os recursos. O prédio atual, vai se tornar a sede da Caixa de Assistência, do Memorial do Advogado e abrigo para as entidades que representam a advocacia. Ademais, vamos continuar trabalhando. O que nós fizemos, o que nós construímos, foi um trabalho imenso em prol da advocacia alagoana.

Essa alta aprovação tem reflexo na figura do Omar. Ele é candidato, ele pode ser o candidato?

O Omar é candidato ao conselho federal, ele merece por toda a experiência que adquiriu nas gestões da OAB e as duas vezes que foi coordenador nacional do Colégio de Presidentes da OAB. Ele não é candidato a presidente, reafirmo, pois alguns que querem a divisão tentam plantar essa ideia. Seria um desgaste muito grande a ida para um terceiro mandato. Ele tem uma grande colaboração para dar no Conselho Federal. Para lá em cima conseguir trazer mais visibilidade para OAB em Alagoas, para advocacia alagoana. É isso que o advogado quer. Agora se tem a perspectiva muito grande de que Omar seja diretor do Conselho Federal, que é muito importante para o povo alagoano. A sociedade confia na OAB. A entidade que a sociedade mais confia é a OAB. Ele como diretor da OAB nacional vai trazer uma série de benefícios para advocacia alagoana.

E qual será o lema da campanha?

OAB para Todos. Todo advogado vai ter suas prerrogativas garantidas. Todo e qualquer advogado vai continuar sendo atendido na hora que precisar. Não tem porta, não tem barreira. Todos os advogados terão tratamento igualitário. Seja ele de escritório grande, de escritório médio, pequeno e os sem escritórios, advogados individuais. Seja novo, de meia idade e com mais idade. Todos são advogados e advogadas e terão tratamento para exercer a profissão com dignidade. Para garantir conquistas e responder a novas demandas. Eles vão ter a OAB sempre ao lado, seja lá para o que for e para todos!