Avianca, Azul, GOL, TAM e Trip fundaram ontem a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), com o objetivo de representar as companhias em questões relacionadas aos custos e relações com o governo e mercado. A primeira impressão, pelo menos para os passageiros, não foi das melhores. No pomposo evento promovido em Brasília, os presidentes da TAM e da GOL, as duas maiores aéreas brasileiras, afinaram o discurso de que em breve poderão ser “obrigadas” a aumentar o preço das passagens, devido aos grandes prejuízos registrados no último trimestre.
O anúncio não é endereçado, em primeira análise, ao mercado. O interesse é colocar o governo em estado de alerta, a fim de alcançar alguns objetivos, como alterações no cálculo dos custos do querosene de avião, a revisão da política de desvalorização do real em frente ao dólar e a redução carga tributária sobre o setor e até sobre a folha de pagamento. Resta saber até que ponto as companhias estão dispostas a aumentar seus preços e arcar com o prejuízo de voar com aviões mais vazios.
“Não temos nenhuma projeção de curto prazo, mas, se permanecermos nesse patamar elevado de custo de combustível, é uma questão de tempo para vermos uma posição inevitável de aumento de tarifas”, disse Paulo Kakinoff, presidente da GOL. “Persistindo a alta de custos dessa maneira, uma recuperação tarifária poderá acontecer”, concordou Marco Antonio Bologna, da TAM.
Seria preocupante se essa cooperação amistosa das companhias gerasse resultados práticos fora dos holofotes, mas as chances de um aumento elevado das tarifas ou do fim das promoções são pequenos. As companhias sabem que onerar mais os passageiros não é o caminho para voltar a ter lucro, pois a medida pode surtir efeito no curto prazo, mas leva à retração do número de pessoas que viaja o que no futuro apenas agrava sua crise no setor.
Por outro lado, é interessante que as companhias se unam para negociar em conjunto medidas que reduzam seus custos sem aumentar a tarifa, como a redução dos impostos e taxas, por exemplo, além de cobrar uma infra-estrutura mais eficiente nos aeroportos e no sistema como um todo.
Em resumo: não acreditamos que as passagens estejam para subir, já que sempre temos anúncios como este, mas ninguém pode ignorar os grande prejuízos que as companhias registraram e a grande redução na concorrência após a compra da Webjet e da Trip. Vamos acompanhar o desenrolar dessas negociações, torcendo para que as empresas voltem a ter lucro e a oferecer mais promoções e ofertas.