Hoje foi a estreia do guia eleitoral dos candidatos a prefeito de Maceió. Apenas Sérgio Cabral (PPL), que abriria o guia, não se fez presente. Os demais apostaram na exposição das biografias - sob diversas formas de trabalhar a imagem - mas ainda tímido quanto a apresentação de propostas e ataques aos adversários.

O guia seguiu a temperatura das ruas: uma campanha ainda morna. Rui Palmeira (PSDB) - na ausência de Cabral - foi o primeiro. Levou os amigos e familiares - incluindo o pai e ex-governador Guilherme Palmeira - para trabalhar sua imagem de “homem de família, novidade na política alagoana e associar ao apelo popular”.

Uma estratégia de marketing tucano para ir em busca de setores com os quais os adversários dialogam há mais tempo. Rui Palmeira não levou medalhões da atual política para pedir voto e - aparentemente - fugiu (ou ainda não fez) da ligação com o Governo do Estado de Alagoas, que é de administração tucana.

Na sequência, Galba Novaes (PRB) entrou em cena em um programa curto, por estar apenas coligado com o PRTB. Investiu na imagem de Celso Russomano - que disputa a Prefeitura de São Paulo com boas chances - pedindo o apoio dos maceioenses a candidatura de Novaes em Maceió. Também investiu no depoimento biográfico e fez elogios ao prefeito Cícero Almeida (PP), mas - deixou nas entrelinhas - às críticas a falta de políticas públicas na área social.

Depois de Galba Novaes, Ronaldo Lessa (PDT) entrou em cena. Por ironia, uma frase se destaca em se discurso: “não podemos fugir da luta”. Lessa luta na Justiça Eleitoral para conseguir seu registro de candidatura e há quem fale de sua possível desistência nos próximos dias. O pedetista também deu enfoque aos aspectos biográficos e a trajetória política como prefeito e governador. Deixou de lado as eleições que perdeu. Uma delas contra o atual aliado senador Fernando Collor de Mello (PTB).

Lessa - como já era esperado - levou Cícero Almeida (PEN) para o guia. O prefeito rasgou elogios ao candidato. Mas é bom lembrar: em 2010, quando o pedetista disputou o governo do Estado, Almeida estava do lado tucano e - portanto - contrário ao projeto de quem hoje - na visão dele - é o melhor. Estranhas entranhas da política alagoana que agrega e desagrega ao sabor das conveniências (ou seria das ideologias? Acho que não).

Outra presença ilustre no guia de Ronaldo Lessa: o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT). Por sinal, apenas Lessa e Rosinha da Adefal apresentaram claramente seus vices. No de Lessa, Mosart Amaral estava lá sendo apresentado pelo prefeito Cícero Almeida.

Na sequência, Jeferson Morais (Democratas), que fugiu do tom biográfico para enfocar em um depoimento pessoal e no discurso da segurança pública, o que o associa a imagem de apresentador do programa Fique Alerta, ainda que indiretamente. Disse que o prefeito precisa chamar para si a responsabilidade sobre o combate à violência, tocou no quesito ainda da reformulação da Guarda Municipal, proposta que também abordou em sabatinas.

Alexandre Fleming (PSOL) contou com ajuda de cineasta e tenta passar a imagem de uma nova esquerda, longe da postura caricata e do radicalismo de alguns candidatos que ocuparam a função que hoje ele ocupa. Frisou ter pouco tempo e disse que iria usar os programas de forma objetiva e com propostas. Neste em especial, a proposta saiu de cena para entrar uma construção biográfica na tentativa de responder uma pergunta lançada pelo próprio programa eleitoral: “Quem é este professor que quer ser prefeito da cidade?”. A resposta - ainda conforme o guia - virá em pílulas de pouco mais de um minuto com discussões a cada programa. Aguardemos.

A candidata do PPS - Nadja Baia - utilizou dados sobre Maceió para mostrar a produtividade da cidade em contrates com sua desigualdade social. Tudo indica que virá do PPS as críticas mais fortes ao prefeito Cícero Almeida (PEN) e - consequentemente - ao candidato que tem o apoio da atual administração. Mas, tais provocações ainda não vieram desta vez. O partido de Baia também sofre com o tempo.

Por fim, Rosinha da Adefal (PTdoB). A deputada federal foi a única a soltar uma crítica - ainda que sutil - aos grupos políticos postos ao afirmar que não é o novo ligado ao velho e ressaltando uma independência política. O PTdoB em chapa pura ainda mostrou no guia o seu vice Kléber Fortes. Rosinha optou pelo diálogo emotivo e fez referência a sua preocupação com temáticas sociais, dentre os quais se enquadra a questão da acessibilidade.

Como visto, um guia ainda tímido, com poucas propostas debatidas. Como se os candidatos ainda estivessem sentindo o terreno!  

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