A Justiça da Noruega deve dar nesta sexta-feira (24) seu veredicto contra o atirador Anders Behring Breivik, autor confesso dos piores ataques no país desde a Segunda Guerra Mundial.
Como a culpa de Breivik não está em questão, o tema central do julgamento que terminou no dia 22 de junho foi sua saúde mental.
Na sexta-feira, os cinco juízes do tribunal de primeira instância de Oslo deverão decidir se Breivik é penalmente responsável por seus crimes ou não.
No dia 22 de julho de 2011, ele deixou uma caminhonete com quase uma tonelada de explosivos em Oslo, em frente à torre de 17 andares que abriga dependências oficiais, entre outras o escritório do primeiro-ministro, que neste momento se encontrava em sua residência oficial.
Após este atentado, que deixou oito mortos, Breivik se dirigiu à ilha de Utoeya e começou a disparar contra jovens que participavam de uma reunião da juventude trabalhista. Neste atentado morreram 69 pessoas, em sua maior parte adolescentes.
Estes ataques traumatizaram a normalmente tranquila nação escandinava e colocaram em evidência a falta de preparação das autoridades, principalmente da polícia, cujo chefe, Oeystein Maeland, anunciou sua renúncia na noite de quinta-feira passada.
Três dias antes, foi divulgado um relatório que concluiu que o extremista de direita poderia ter sido detido no dia 22 de julho de 2011 antes de realizar o massacre, no qual 77 pessoas perderam a vida em dois atentados.
Julgado por "atos de terrorismo", o extremista de 33 anos pode ser internado em um centro psiquiátrico, possivelmente para o resto da vida, ou ser condenado a 21 anos de prisão, a pena máxima na Noruega, que pode ser prolongada de maneira indefinida enquanto for considerado perigoso.
Apesar de ter reconhecido os incidentes, Breivik declarou-se inocente e pediu sua absolvição, afirmando ter cometido os ataques para proteger o país da "invasão muçulmana" e explicando que atacou os trabalhistas por sua política de imigração favorável ao multiculturalismo.
Em uma inversão de papéis pouco comum, a promotoria pediu que Breivik fosse internado em um centro psiquiátrico, enquanto a defesa solicitou que seu cliente seja reconhecido como mentalmente são, ou seja, penalmente responsável.
No ano passado, uma avaliação psiquiátrica oficial concluiu que Breivik sofria de "esquizofrenia paranóide".
Mas esse diagnóstico foi invalidado por uma segunda avaliação, que o considerou penalmente responsável.
No entanto, o primeiro diagnóstico deixou algumas dúvidas sobre sua saúde mental, segundo a promotoria.
O que Breivik mais deseja é ser declarado penalmente responsável, para que sua ideologia não pareça invalidada por uma patologia mental.
O acusado considera que ser internado em um centro psiquiátrico é "pior que a morte".
Os familiares das vítimas estão divididos sobre a questão da responsabilidade penal de Breivik, mas esperam que, de qualquer forma, termine seus dias preso entre quatro paredes.
"Acreditamos que o sistema judicial tomará decisões corretas com base nos fatos apresentados durante o processo e no âmbito das regras existentes", declarou à France Presse Christin Bjelland, vice-presidente do grupo de apoio às vítimas.