A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a rede de influência do bicheiro Carlinhos Cachoeira deverá ouvir nesta terça-feira (21) os dois procuradores do Ministério Público que participaram da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou à prisão do contraventor em fevereiro.

Léa Batista de Oliveira e Daniel Rezende Salgado são esperados para prestar depoimento às 10h15. Ainda não se sabe se a sessão será aberta ou fechada, o que deverá ser decidido logo no início.

Os procuradores já haviam sido chamados para depor em maio, pouco depois da instalação da CPI. A ida deles, porém, foi adiada para que pudessem falar antes à Justiça e não comprometer a atuação deles no caso.

"Esperamos que eles [procuradores] consigam esclarecer mais alguns fatos [...] A sessão tem de ser aberta. Não há motivos para que seja uma sessão fechada”", defendeu o senador Pedro Taques (PDT-MT).

Depoimentos de quarta
Já na quarta-feira (22), os integrantes da CPI, que investiga a relação de Cachoeira com políticos e empresários, pretendem ouvir o depoimento de Jayme Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Rincón obteve habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não ser obrigado a falar à comissão. O pedido foi atendido pelo ministro Joaquim Barbosa. Em casos semelhantes, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), dispensou os depoentes.

Rincón já foi convocado outras duas vezes para prestar depoimento à comissão, mas apresentou atestado médico e não compareceu. Ele é presidente de agência estadual de transportes e obras públicas e foi citado em ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal.

Segundo as investigações da PF, o grupo de Cachoeira depositou R$ 600 mil na conta da empresa Rental Frota Ltda., que tem Rincón como um dos sócios, com 33% de participação. A Rental já confirmou o pagamento, mas diz que se refere à venda de 28 veículos usados.

Ainda nesta quarta, também é esperado o ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás Aredes Correia Pires. Ele também ingressou com pedido no STF para ficar calado. O relator do pedido no STF é o ministro Marco Aurélio.

Segundo a Polícia Federal, Aredes teria recebido um dos aparelhos de rádio Nextel distribuídos pelo grupo de Cachoeira, na tentativa de evitar “grampos” em contatos telefônicos. No processo, em trâmite na 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Goiás, Pires foi denunciado pelos crimes de quebra de sigilo funcional e formação de quadrilha. Ele já havia sido convocado para prestar depoimento aos integrantes da CPI, mas teve o depoimento adiado por não ter sido notificado.