Nas conversas em Brasília, o ex-governador Ronaldo Lessa sempre demonstrou preocupação com um adversário implacável: a Justiça Eleitoral e Cível.

Em alguns pontos Lessa admite que agiu com açodamento; em outros pontos diz não entender a razão dos processos que responde. Entre esses, está o que data de 2005, quando foi acusado de abuso de poder econômico para beneficiar o seu candidato à Prefeitura de Maceió.

Em tempo: o candidato de Lessa na época era o atual secretário estadual do Trabalho, Alberto Sextafeira, de quem Lessa se desgarrou depois.

Sempre bem avaliado, Lessa se lançou candidato a prefeito em busca de um mandato que lhe aparece como questão de vida ou morte política – bem entendido. Lessa está sem mandato desde 2006 e isso não é bom para o político.

Mas, Lessa talvez tenha outro adversário que o deputado federal João Caldas identifica baseado nos números:

-“O problema do Lessa é que ele começa na frente (das pesquisas) e depois vai caindo” – identificou João Caldas.

É verdade que o resultado desfavorável apertado ( 4 a 3 ) no Tribunal Regional Eleitoral estimula a esperança no resultado favorável no Tribunal Superior Eleitoral, mas há que se levar em conta que tudo é relativo.

Em 2010 o TSE reverteu favoravelmente a Lessa o resultado do TRE no qual ele perdeu por 6 a 1. Mas, a decisão veio quase em cima da eleição e muito eleitor ficou sem entender se Lessa poderia ou não disputar a eleição naquele ano.

Esse adversário implacável que Lessa aponta como o mais difícil para ele tem feito estragos por aí afora. Por exemplo: o senador Jader Barbalho disse que teria obtido 4 milhões de votos na disputa pelo Senado, se a sua campanha não oscilasse entre o pode e não pode – que, quando virou pode, já estava em cima da eleição.

A situação de Lessa é um problema e, embora a oposição não queira tratar publicamente do assunto, o “plano B” já deve estar elaborado porque se se repetir a dança do pode e não pode (ser candidato), Lessa corre o risco de ser novamente derrotado pela idiossincrasia do eleitor – que não vota sob o risco de perder o voto.

Mas, como seria esse “plano B”? Ou melhor: o eleitor está disposto a entender a diferença entre berimbau e gaita ou já se definiu por outro instrumento?

Lessa reage com veemência às insinuações sobre o “plano B”. Mas, se o TSE demorar a decidir, como demorou em 2010, a história fatalmente vai se repetir.

Em forma de tragédia, claro.