A velocista somali Samia Yusuf Omar, 21, que disputou os 200 metros rasos nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, morreu em uma balsa improvisada quando tentava atravessar o mar Mediterrâneo em direção à Itália.
A triste história ganhou destaque na imprensa italiana nesta segunda-feira graças à revelação feita pelo meio-fundista Abdi Bile, compatriota de Samia e medalhista de ouro nos 1.500 metros no Mundial de Atletismo de Roma, em 1987.
De acordo com ele e outros atletas do país africano, a atleta embarcou em uma balsa na Líbia rumo à Itália em busca de uma nova vida e melhores condições de treinamento. Samia morreu durante a travessia, que teria acontecido em abril, mas as circunstâncias não foram esclarecidas.
Em 2008, Samia, então com 17 anos, comoveu o público no estádio Olímpico de Pequim ao cruzar sozinha a linha de chegada com nove segundos de atraso em relação à penúltima colocada de sua prova, eternizando o momento como um dos mais marcantes daquela edição dos Jogos Olímpicos.
"Foi uma experiência belíssima, levei a bandeira do meu país, desfilei com milhares de atletas do mundo", afirmou Samia em Mogadíscio, há quatro anos, logo após voltar de Pequim para seu país natal.
A velocista, apesar de todas as dificuldades, continuou treinando nas estruturas precárias do estádio olímpico da capital somali para poder voltar a participar dos Jogos Olímpicos.
O treinador de Sami, Mustafa Abdelaziz, confirmou ao jornal italiano "Corriere della Sera" que a atleta embarcou em um barco clandestino para tentar chegar à Itália e continuar sua carreira esportiva.
Sua mãe vendeu um pequeno terreno para financiar sua viagem para que ela pudesse completar seu sonho e levar uma vida longe das guerras e da pobreza, explicou Abdelaziz.
"Os sobreviventes dessa viagem informaram a lista das pessoas que tinham morrido durante a travessia, e lá estava seu nome. Nós ficamos gelados. Sabíamos que a viagem era perigosa, mas não podíamos imaginar que ela seria uma das vítimas", acrescentou Abdelaziz.
Samia nasceu em 1991. Era a mais velha de seis irmãos e filha de uma vendedora de frutas. Seu pai morreu em um dos muitos conflitos que, há anos, assolam o país. O amor da jovem pelo esporte a levou a praticar não só atletismo, mas também natação e basquete.
A jovem sofreu com o preconceito de alguns setores da sociedade somali que não concordavam com a participação de mulheres muçulmanas em competições esportivas. Aos 16 anos, ela disputou os 100 metros rasos do Campeonato Africano de Atletismo, e aos 17 desembarcou em Pequim.