O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado (18) que o país é soberano e não se ajoelha diante de ninguém, se referindo à ameaça das autoridades do Reino Unido de que poderiam invadir a embaixada do país em Londres para deter o fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange.
"Eles não sabem com quem falam", declarou o presidente, segundo discurso feito na cidade de Loja e publicado na página de notícias do governo do Equador, a "El Cuidadano".
Ele disse que é intolerável, inaceitável e grosseiro que o governo britânico creia que irá amedrontar ou acovardar o Equador. Correa se defendeu dizendo que o Reino Unido distorceu a lei equatoriana citada no comunicado para informar uma possível entrada na embaixada. Segundo o governante, a lei é para o caso de uma invasão terrorista, não situações como esta.
Para Correa, se o Equador ameaçasse a Inglaterra, seguramente seu govrno seria chamado de ditador. "Que mentalidade! Que visão! Não se informaram que a América é livre e soberana e que não aceitaremos ingerências e colonialismos de nenhuma espécie", disse.
Queda de braço
Na quarta-feira, o Equador informou que recebeu do governo britânico um documento que faz um alerta sobre a possibilidade das forças de segurança entrarem nas instalações de sua embaixada para prender e extraditar Assange, como requerido pela Suécia para responder a acusações de agressão sexual, que ele nega ter cometido.
Correa insistiu na denúncia, embora o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, tenha rejeitado essa versão, segundo a France Presse.
"Não há nenhuma ameaça de invasão de uma embaixada. Estamos falando de uma lei do Parlamento deste país, que reforça que as embaixadas devem ser utilizadas em plena conformidade com o direito internacional", disse o ministro na quinta-feira.
Em 19 de junho, Assange se refugiou na embaixada equatoriana em Londres e em 16 de agosto o Equador concedeu asilo diplomático.
Assange teme que ao chegar na Suécia seja extraditado para os Estados Unidos, onde é investigado por espionagem pela publicação de centenas de milhares de documentos secretos do Departamento de Estado.
O Equador convocou neste sábado seus aliados da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) para uma reunião em Guayaquil para discutir as tensões com o Reino Unido.