Sem acordos fechados com nenhuma das categorias de servidores em greve, o governo faz neste sábado (18) uma nova reunião, desta vez, com os setores com os salários mais baixos, para tentar acabar com as paralisações. Ainda pela manhã, o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, recebe servidores do chamado "Carreirão", formado por funcionários com ensino médio e espalhados em vários ministérios com funções administrativas.
A categoria, que reúne 120 mil servidores, é representada, entre outras, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Assim como para outros funcionários, o governo ofereceu um reajuste de 15,8%, divididos pelos próximos três anos. Nesta sexta (17), porém, o coordenador-geral da Condsef, afirmou que a proposta é apenas um "ponto de partida" e que o "pleito é bem distante disso".
O governo propõe reajustar em 15,8% uma gratificação, enquanto os sindicalistas querem aplicar o percentual sobre o vencimento básico. Ao reajustar o vencimento básico, extras -- como a gratificação -- que compõem a remuneração total também subiriam, pois são indexados a ele. Na prática, resulta em aumento maior.
A proposta de reajuste linear também foi oferecida para outras carreiras. A própria Condsef, que negocia em nome de 18 carreiras, no entanto, vem debatendo com o governo a equiparação dos salários de quem tem ensino superior com uma tabela criada em 2010 especificamente para economistas, geólogos, estatísticos, engenheiros e arquitetos. O reajuste para nível superior seria de 78%.
Os mesmos 15,8% ainda foram oferecidos para para delegados e peritos da Polícia Federal, funcionários do IBGE, do INSS, trabalhadores nas áreas de Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social e de agências reguladoras. Insatisfeitos, os representantes disseram que iriam consultar as bases e voltar a negociar na próxima semana.
Ainda assim, Mendonça afirmou no final da tarde desta sexta (17) estar muito satisfeito com as mais de dez reuniões ocorridas nesta semana. "Temos firmes expectativas que possamos fazer um acordo com as entidades e começar a normalizar essa situação de conflito com a administração pública federal", disse o secretário.
O Condsef estima que cerca de 350 mil servidores estejam paralisados, mas o governo contesta esse número. Segundo a assessoria do Planejamento, a estimativa é que cerca de 15% da força total esteja paralisada, ou seja, cerca de 75 mil servidores públicos federais, mas só será possível fazer um levantamento quantitativo dos servidores parados após o fechamento da folha de ponto.
Imprensa Nacional
Os servidores da Imprensa Nacional, também representados pelo Condsef, reivindicam a criação de um plano de carreira para a categoria com possibilidade de elevação salarial e reposição da força de trabalho através de concurso público.
Segundo o coordenador do Condsef Josemilton Costa, o último concurso feito para o órgão foi em 1985 e o efetivo está desfalcado. "Hoje a Imprensa tem quase que 70% [do efetivo] podendo se aposentar nos próximos cinco anos. Isso significa que se não tem concurso público, vai ter que fechar a imprensa nacional". As discussões com o setor devem continuar após o dia 31 de agosto.
Técnicos de universidades
A quarta reunião do governo com os sindicatos que representam os técnicos administrativos das universidades federais também terminou sem acordo nesta sexta. A proposta feita pelo governo de reajuste salarial de 15,8% escalonada em três anos não foi renovada.
Na quinta (16), a categoria levou as reivindicações para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, sem sucesso. Segundo Gutemberg de Almeida, coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), a proposta será analisada pela categoria, mas a expectativa é de que até a próxima quarta haja uma decisão.
Agências
O governo se reuniu também na quinta com o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências). A entidade representa servidores de agências como Anac, Anatel, Ancine, Aneel e Anvisa, parte deles em greve há 31 dias.
Segundo o presidente do Sinagências, João Maria Medeiros de Oliveira, a categoria reivindica igualdade entre as agências regulatórias com agências de estado, o que representaria um ganho remuneratório de 20% para os trabalhadores.
"Temos dentro das agências diversos setores e categorias que ganham [salários] diferentes, fazendo a mesma coisa. Queremos que o governo garanta isonomia interna nas agências", disse o dirigente.