A equipe do Centro de Estudos do Hospital do Açúcar realizou um levantamento inédito com pacientes internados na unidade vítimas de traumas ortopédicos. O resultado foi considerado preocupante, 45% dos internos são vítimas de acidentes automobilísticos e com arma de fogo. Os demais são quedas da própria altura, acidentes domésticos e de trabalho.

A unidade de saúde é a maior da rede de retaguarda do Sistema Único de Saúde (SUS) na especialidade em Alagoas. De acordo com o coordenador do Centro de Estudos do Hospital do Açúcar, o médico ortopedista Rafael Kennedy, por mês, o hospital realiza, aproximadamente, 150 cirurgias. A unidade é especialista em procedimentos de alta complexidade.

“Acompanhamos a entrada de diversos pacientes e colhemos informações como idade, sexo, causa do trauma, circunstancia do acidente e outros. Nesse protocolo, pudemos observar que a situação mais grave está na faixa etária de adulto jovem, do sexo masculino, que compreende de 18 a 40 anos. Quase 40% dos envolvidos em acidentes com motocicleta, carro ou arma de fogo, assumiram a ingestão de bebida alcoólica”, apontou o médico especialista.

O coordenador do Centro de Estudos, que também coordena a equipe de ortopedia do hospital, revelou outro dado assustador. A cada dez internos na unidade de saúde vítima de acidente automobilístico, um morre. “Apesar de fazer parte da rotina de trabalho, o número de acidentes com motocicletas é o que chama mais a atenção. A popularização do veículo e a falta de informação, principalmente quanto à segurança, têm gerado uma despesa enorme”, avaliou Rafael Kennedy.

Custos

Um levantamento divulgado em junho deste ano, pelo Ministério da Saúde, mostrou que o custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2011, foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45 milhões para R$ 96 milhões em todo país. No total em 2010, foram realizadas 145.920 internações de vítimas dos acidentes no trânsito com um custo de, aproximadamente, R$ 187 milhões.

“Quando falamos em despesa, vamos além dos custos para a saúde pública, que são bem altos. Boa parte das vítimas de acidentes com moto sofre consequências graves, sejam temporárias ou não, e gera despesas sociais, como a Previdência. Acredito que só com a aplicação rígida da legislação esses números podem diminuir índices”, declarou o médico.