Período de eleição a todo vapor e os candidatos principalmente à Câmara de Vereadores, vem dos mais diferentes segmentos. Um dos setores que leva mais candidatos para as cadeiras da Casa de Mário Guimarães é o do esporte. O CadaMinuto entrevistou alguns personagens da área que comentaram sobre a vida antes e depois do esporte e os pontos positivos e negativos da carreira.
Atualmente presidente do CSA, Jorge VI, que já foi vereador de Maceió por três vezes e cumpriu meio mandato de deputado federal, não teve vida de atleta, mas com o passar do tempo e atuações políticas, acabou entrando no esporte através da secretaria de Estado da Educação e posteriormente, candidato e eleito presidente do “azulão do Mutange”, principal clube de Alagoas junto com o CRB e o ASA.
Questionado sobre a influência do esporte na sua carreira política, VI admite que a situação tem dois lados, positivo e negativo.
“Nunca usei o esporte como trampolim político. Até porque, no futebol, a imagem depende de resultados dos jogos e dos objetivos alcançados. Com relação aos pontos positivos e negativos, no primeiro caso, o futebol não deixa você "morrer" politicamente, toda hora você é obrigado na vitrine. Daí, mesmo afastado da política tradicional o presidente continua "vivo" perante a sociedade. Esse é o ponto principal positivo.
O ônus fica por conta do desgaste do dia a dia em relação às questões do Clube, das decisões "antipáticas","inimizades" com pessoas que queriam se locupletar do clube, e que, inconformadas, ficam criando situações desgastantes para a diretoria com o intuito de prejudicar o presidente, que é obrigado a tomar decisões fortes em alguns momentos”, disse.
O mandatário azulino ainda pontuou se a vida dupla de político e gestor de clube de massa, prejudica na sua vida pessoal. “A minha vida mudou da água para o vinho após a minha entrada no CSA. Lá são tantos problemas, tantas exigências, que a minha vida pessoal deixou de existir. Estou prejudicado também na saúde física e nas questões financeiras. No CSA 24 horas diárias é pouco. Não resta tempo para eu continuar a fazer os meus investimentos como produtor cultural e artístico, como antes fazia, o que me dava uma sustentação financeira mais adequada a realidade que vivia antes”, finalizou.
Já o presidente do clube rival, Marcos Barbosa, que exerce em paralelo o mandato de deputado estadual, admite que é difícil conciliar os dois postos, mas o tempo e a ajuda de familiares e amigos facilita o trabalho.
“Quem convive comigo sabe que eu tento separar o máximo as coisas. Até porque uma coisa não tem a ver com a outra. Se você mistura as duas situações, acaba não conduzindo nada certo, é preciso calma e contar com a ajuda da família, que graças a Deus eu tenho muita e no clube existe uma união muito grande”, disse.
Assim como presidente do clube rival, Barbosa foi questionado sobre os benefícios que a vida política pode oferecer na área esportiva e vice-versa. “Não preciso disso. Passei muitas dificuldades na minha vida e consegui superar, graças ao meu São Jerônimo e a Deus. Tenho meus trabalhos sociais, ajuda quem posso e isso vem de antes mesmo do CRB”, comentou o dirigente que tem um alto nível de aprovação dentro e fora do clube.
Outro personagem do cenário político e esportivo, se diferencia dos outros dois pelo fato de ter sido atleta. Eduardo Canuto, atualmente vereador de Maceió, foi atleta dos ringues, onde por muitos anos foi adepto do full-contact, luta em pé, pela qual conseguiu inúmeros títulos nacionais e internacionais.
Como parlamentar, Canuto coloca a atual posição como a continuação de uma carreira de atividades. “Eu continuo no esporte, só que fora dos ringues. O que faltava antes, que era apoio, continua hoje e a gente procura diminuir isso, dando o apoio necessário. A coisa no Brasil é feita de forma muito amadora. Basta ver o desempenho do Brasil nas Olimpíadas, é ridículo, tendo em vista o tamanho da nossa delegação e o fato da próxima olimpíada ser aqui no nosso país”, disse.
Por fim, o ex-atleta e atualmente político afirma que a vida política nunca atrapalhou em outras atividades. Pelo contrário, recentemente, Canuto foi homenageado pela organização do Coliseu Extreme Fight, evento alagoano de Artes Marciais Mistas (MMA), promovendo uma luta de despedida contra um antigo rival, o baiano Paulo Binho.
Eduardo Canuto venceu, mas independente do resultado, o vereador enalteceu os benefícios da atividade. “Minha vida política não me atrapalha em nada. Esse convite para a luta de despedida me mostrou que posso ser uma pessoa mais saudável aos 50 anos. Tinha 132 quilos e hoje estou com 98. Venci a luta, mas tivesse perdido e ganhado o reconhecimento do público, estava satisfeito. Sem falar que esse período de treinos uniu demais a minha família. Então, posso dizer que sou feliz e concilio bem as duas atividades”, finalizou.
Em Alagoas, desportistas como Walter Pitombo Laranjeiras o Toroca, que é presidente da Federação Alagoana Vôlei, já foi vereador, Jorge Siri e Junior Amorim, ex-jogadores de futebol também foram candidatos, entre outros. No Brasil, ídolos do esporte também tem lugar no cenário político. Os jogadores Romário, deputado federal pelo Rio de Janeiro e Bebeto, deputado estadual do Rio, além do ex-lutador Acelino Freitas, o Popó, deputado federal pela Bahia, são destaques no âmbito nacional.