A tarde da última sexta-feira (10), com certeza, será um dia bem difícil de ser esquecido pelo sociólogo Carlos Martins. Ao estar se preparando para ir à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde é aluno de mestrado, foi surpreendido pela polícia em sua própria residência que o confundiu com bandido que teria efetuado assalto a uma agência bancária na semana passada.

“Foram momentos terríveis”, revela o professor. Ele conta que ouviu barulho no portão de sua casa e foi ver quem era. Os indivíduos se identificaram como policias e pediram que abrisse a porta. Sem querer esperar que fosse buscar a chave, eles arrebentaram o cadeado.

“Imediatamente apontaram as suas armas e pediram para que me deitasse no chão e falaram que era um mandado de busca e apreensão. Por estarem todos encapuzados e devido à ação tão truculenta, cheguei a pensar que fossem bandidos e não policiais”, comentou Carlos.

Assustado com tudo o que acontecia, o sociólogo quis saber quem estava no comando da operação, mas o responsável disse não poder se identificar porque era da inteligência da polícia.

“Mesmo falando que era um cidadão de bem, fui algemado e me colocaram sentado numa cadeira de frente para a parede, deixando bem claro que não deveria tentar olhar o que acontecia. Foram 40 intermináveis minutos de tortura psicológica”, descreveu o sociólogo muito apreensivo.

Depois de revirar toda a casa os policias pediram para que assinasse o mandado. Ao se negar foi encaminhado à Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), não como preso, mas para questionar os responsáveis sobre o equívoco da fatídica operação.

“Fiquei das 15h30 até as 20h, quando pude perceber que o endereço que os policiais buscavam era outro. Exigi uma retratação por escrito ou até um pedido de desculpas, mas nada foi feito”, desabafou Carlos Martins.

Segundo o sociólogo, “os policias estavam seguindo o rastro de um aparelho celular roubado em um assalto a uma agência bancária situada em uma universidade privada e que o aparelho estava emitindo sinais que vinham de minha residência. Como o raio do sinal abrange uma área de aproximadamente 100 metros, eles deveriam fazer uma busca na área e não na minha residência. Sou um cidadão de bem. Tive minha vida invadida de forma brutal e sequer um pedido de desculpas foi feito”.

Hoje na Câmara Municipal de Maceió as vereadoras Heloisa Helena e Tereza Nelma irão fazer uma nota de repúdio contra a ação da policia.