Em uma postagem feita neste blog no dia 25/06/2012, evidenciou-se a elevada e crescente taxa de homicídios existente em Alagoas, desde 1999. Em tempos de eleição municipal, vale a pena desagregar os dados dessa postagem, no intuito de “lançar luzes” sobre como a taxa de homicídios se intensificou em Maceió nos últimos quinze anos, a fim de prover mais informações sobre esse indicador tão importante para os maceioenses.
Inicialmente, vale mencionar que o indicador taxa de homicídios descreve o número de assassinatos para cada 100.000 habitantes. Trata-se de um indicador apropriado para comparar o número de homicídios com outra localidade, uma vez que seria inútil comparar o número de homicídios em Maceió – que possui aproximadamente 1 milhão de habitantes – com Salvador – que possui cerca de 2,7 milhões de habitantes -, por exemplo. Assim, quanto maior a taxa de homicídios, mais se mata proporcionalmente. Consequentemente, uma elevação na taxa de homicídios significa que a violência está aumentando em determinada localidade.
Em segundo lugar, é válido responder à seguinte pergunta: por que a taxa de homicídios é um indicador tão importante para os maceioenses? Porque no que se refere a crimes contra a pessoa e contra o patrimônio, o único tipo que faz Maceió destoar das taxas verificadas na maioria das demais capitais é o homicídio. Em outras palavras, em uma comparação nacional, o problema da violência na capital alagoana reside principalmente no seu alto índice de homicídios.
Dito isso, na Tabela abaixo, pode-se verificar que, entre 1997 e 1999, houve um decaimento na taxa de homicídios (100.000 habitantes) em Maceió, a qual passou de 38,4, em 1997, para 30,9 homicídios, em 1999. Esse decaimento na taxa de homicídios refletiu-se também em uma melhoria da posição no ranking de homicídios das capitais brasileiras, no âmbito nacional. Em 1997, considerando-se todas as capitais brasileiras, Maceió ocupava a 9º posição no ranking nacional, ou seja, era a nona capital mais violenta (em termos de homicídios) do Brasil, passando para a 14° posição, em 1999.
A partir de 1999, a violência (em termos de homicídios) em Maceió aumentou quase que ininterruptamente. Em 2006, quando se chegou a 98 homicídios para cada 100.000 habitantes, Maceió assumiu a triste liderança nacional (entre as capitais) na taxa de homicídios. De fato, em 2006, Maceió se tornou a capital mais violenta (em termos de homicídios) do Brasil. Desde então, apesar do alento que houve entre 2008 e 2009, quando ocorreu um forte decaimento na taxa de homicídio - a qual passou de 107,1 para 93 -, segundo o Datasus e o Ipeadata, a aludida taxa continua a se elevar em Maceió, consoante se observa na Tabela abaixo. E Maceió continua nessa triste primeira posição.
Diante dessa realidade, como já dito na postagem sobre taxa estadual de homicídios, o “piloto” do plano nacional de segurança pública – já em implantação em Maceió – surge como mais um alento para frear essa triste realidade da capital alagoana. A notícia boa é que tal plano surge em uma configuração de Estado - unindo todos os poderes e representantes políticos alagoanos -, e não de governo. Essa notícia é boa porque fica clarividente, de acordo com os números abaixo, que a elevação da violência em Maceió não pode ser atribuída unicamente ao governo “A” ou “B”. Enfim, trata-se de uma epidemia que vem assolando Maceió desde os idos de 2000.
Maceió: Taxa de Homicídios e Posição no Ranking Nacional das Capitais
1997 | 38,4 | 9º |
1998 | 33,3 | 14º |
1999 | 30,9 | 14º |
2000 | 45,1 | 8º |
2001 | 59,3 | 7º |
2002 | 61,3 | 5º |
2003 | 61,2 | 3º |
2004 | 64,5 | 5º |
2005 | 68,6 | 3º |
2006 | 98,0 | 1º |
2007 | 97,4 | 1º |
2008 | 107,1 | 1º |
2009 | 93,0 | 1º |
2010 | 110,1 | 1º |
Fonte: Datasus e Ipeadata. Elaboração própria.