Amigos, minha correria está grande, mas não me esqueci de vocês. Hoje vou recomendar um espaço bem interessante de divulgação de ideias liberais. Trata-se do movimento Não Quebre a Janela.

O grupo é formado por estudantes da UFAL que não concordam com a hegemonia de esquerda que toma conta da Universidade e da representação estudantil. Pelo que entendi, a turma não se contenta em ter que ouvir tantos preconceitos antiliberais como se fossem dogmas para uma vida perfeita. Estão interessados em discutir política e economia, mas também em revolver problemas concretos dos estudantes.

Vejam a descrição por eles mesmos:

“O Não quebre a janela é um grupo apartidário de estudos políticos e econômicos e embaixada do movimento Estudantes Pela Liberdade (EPL) em Alagoas. O nosso único princípio político é a liberdade e o nosso alicerce é a razão, além disso, valorizamos o mérito, a excelência acadêmica, a igualdade de todos perante a lei e o direito a cada individuo de escolher o seu próprio destino. Somos estudantes que se preocupam com o real papel dos estudantes, que é estudar, refletir e crescer em conhecimento e ferramentas para a sua carreira profissional”.

Muito interessante!

Recomendo uma entrevista que dei para o grupo. Abaixo, destaco alguns trechos. Boa leitura!

Entrevista – Adrualdo Lima Catão

“A Universidade pública precisa entender que não pode ficar engessada nessa burocracia e que precisa, para ser autônoma, ter independência do estado. Para isso, é preciso estar voltada para as reais necessidades das pessoas e aprender a fazer conhecimento útil.”

Para a primeira entrevista do Não Quebre a Janela, escolhemos um profissional que está ligado com nossos dois principais objetivos: A excelência acadêmica e a defesa da liberdade. O advogado Adrualdo Catão, é mestre e doutor em Direito pela a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atual coordenador do mestrado em Direito da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Catão falou ao Não Quebre a Janela sobre sua trajetória profissional, seu contato com liberalismo e suas opiniões sobre a greve das universidades federais e o atual estado da UFAL.

3. É público e notório a força das ideias da esquerda no ambiente acadêmico. Diante deste cenário, como o senhor chegou ao liberalismo?
Eu sempre fui muito desligado da política. Até quando comecei a estudar Teoria do Direito mais profundamente, minhas leituras de filosofia política eram muito superficiais. Com o passar dos anos e dos recentes acontecimentos políticos, comecei a entender o quando era importante prestar mais atenção aos problemas políticos. Sempre conheci e admirei o ideário liberal. Sempre achei que ele forma a base de qualquer sociedade minimamente digna. Após a chegada do PT ao poder, porém, percebi com mais clareza como é fácil desconstruir o valor liberdade sob o pretexto de um estado de bem-estar. Eu, que por tão desinteressado, acreditei no Lula “paz e amor” e até votei nele! Alternância de poder era o meu argumento. Com o passar dos anos, eu, que nunca fui militante petista, percebi o que um estado grande pode fazer e me dediquei mais às leituras e às questões que envolvem o liberalismo. A ética liberal passou a ser objeto de alguns trabalhos e eu passei a ser principalmente um militante da liberdade. Acho que há como desconstruir algumas falácias sobre o liberalismo e mostrar do que o estado grande pode ser capaz. Vejam o que tantos anos de governo petista pôde fazer no país. O inchaço da máquina e o arrocho por meio dos tributos. O desestímulo à cultura do empreendedorismo e o sufocamento do indivíduo. Hoje não me considero um estudioso do liberalismo, sobretudo no âmbito econômico. O que sei é que o modelo de estado liberal é a base da civilização e, portanto, toda ameaça ou relativização a esses princípios deve ser vista com reservas. No direito, isso é muito constante. Tentativas de relativizar princípios liberais são recorrentes e acho que uma visão liberal pode, hoje, ser muito útil ao apontar esses perigos. Mesm0 que haja discrepância entre os próprios liberais, a questão de base que os une hoje, no Brasil, é a luta contra o agigantamento do estado em todos os aspectos.

4. O Brasil experimentou governos recentes com características populistas e/ou de esquerda que defendiam a bandeira da educação pública de qualidade. Como o senhor analisa o estado atual da Universidade Federal de Alagoas?
As universidades federais são insustentáveis. São gigantes burocráticos caros e pouco eficientes. As reformas iniciadas na década de 90 e que continuaram até mesmo sob governo petista foram muito tímidas. Precisamos de mais cobrança de resultados. Professores sem nenhuma produção ganham o mesmo que aqueles que tanto produzem. Cursos com alta demanda de alunos e grande penetração no mercado são desprestigiados em favor de cursos “ideologicamente alinhados”. Devemos avançar no contato da universidade com as empresas e com a sociedade. Muito do conhecimento que é produzido aqui não serve ao mercado por puro preconceito antiliberal. Perdemos grandes investimentos e deixamos de ganhar com nossa produção simplesmente porque não temos meios de gerar renda com nossas descobertas científicas. A Universidade pública precisa entender que não pode ficar engessada nessa burocracia e que precisa, para ser autônoma, ter independência do estado. Para isso, é preciso estar voltada para as reais necessidades das pessoas e aprender a fazer conhecimento útil. A UFAL, nesse quadro, precisa estar voltada para nossos problemas reais e ajudar, com suas pesquisas, a dar soluções concretas.

5. Qual sua opinião sobre a greve e as demandas salariais dos professores? O senhor concorda com a ideia do grupo Não Quebre a Janela de que os professores de fato devem receber mais, porém a remuneração deveria ser variável? Ou seja, professores que produzem, cumprem metas e buscam uma melhor qualificação devem receber salários mais altos do que os que não o fazem?
Acho que já respondi acima. Professores devem ser remunerados por produção. Digo sempre que o salário atual do professor da UFAL com DE é alto para aqueles que nada produzem e ainda faltam as suas aulas. Esses ganham R$8.000,00 sem contribuir em nada para a UFAL. Já aqueles que têm grupos de pesquisa, orientam vários alunos, dão aulas de mestrado e doutorado e têm projetos de extensão, esses são muito mal remunerados com esse salário. É hora de atrelar o salário ao resultado.

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