O estudante não saiu para estudar, porque o professor não estava lá. E o doente não saiu para o hospital, porque o médico também não estava lá.

Está assim o nosso o país, às vias de uma paralisação total por conta das greves que se acumulam em diferentes setores da administração pública.

E a gente vai levando.

No Congresso Nacional ouvem-se suspeitos mudos e no Supremo Tribunal Federal julga-se uma prática antiga na política, que se apresenta como novidade.

Em tempo: o toma lá da cá na relação do governo com os congressistas é a regra, não é a exceção, mas temos cá o costume de fingir que não é assim para podermos nos indignar de vez em quando.

Faz bem à saúde manter o poder de indignação – ainda que fingido.

Ninguém está discutindo a turbulência econômica já formada no cenário internacional e que atinge antigas “potências”, porque o país está em emergência e abre a sigla do BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – que dizem serão as novas potências.

E também porque vamos sediar a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Pois são exatamente esses dois eventos que mais riscos oferecem ao país – que previu gastar R$ 50 bilhões, já gastou mais de R$ 70 bilhões e dizem que passará dos R$ 100 bilhões.

E tudo para a seleção brasileira ser a campeã num final contra o Uruguai, no Maracanã, pois será esse o resultado da Copa do Mundo aqui. Podem anotar.

E no embalo das greves, pela primeira vez na história deu-se um congestionamento numa rodovia (São Paulo) por conta das greves dos policiais rodoviários.
Não é mesmo supimpa!?

Não é só os sem-terra, os sem-teto, os sem-eira nem beira que provocam tumultos nas rodovias. Os policiais rodoviários também aderiram à fórmula de pressão onde tudo vale, inclusive desrespeitar o direito alheio.

Já é o momento de os sem-direitos, especialmente o direito de ir e vir, admitirem também a fórmula e, que tal, um bloqueio nas rodovias para protestar contra os bloqueios de rodovias?

Sim, porque o bloqueio de rodovias está virando a “instância superior” na busca por direitos. Isto é mal porque coloca o Judiciário em plano secundário nessa questão de garantias de direitos, mas fazer o quê se é assim que todos estão fazendo impunemente?