O coronel Roberto Longo, interventor nomeado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para colocar ordem na desordem financeira de Alagoas em 1997, pediu demissão e cunhou a sentença: “lá (em Alagoas) não tem jeito não”.
Não devemos estender a sentença; com certeza trata-se de sentença pontual, porquanto o coronel pediu demissão da Secretaria da Fazenda por se recusar a fazer empenhos financeiros de gastos que não sabia a origem.
Alagoas tem jeito sim e devemos acreditar nessa possibilidade, ainda que a história nos coloque na federação como um “estado folclórico” e de onde nada é mais novidade.
O Estado que prendeu o escritor Graciliano Ramos e o médico Sebastião da Hora, como comunistas, porque Graciliano não atendia aos pedidos absurdos de um oficial do Exército que queria mandar no Estado, e porque Sebastião da Hora era seguidor de Allan Kardec e difundia a doutrina Espirita.
Na década de 1950, um governador mandou atirar na bunda do irmão-senador que havia se passado para a oposição; e ainda na mesma década deu-se o célebre tiroteio na Assembleia Legislativa.
Convenhamos, é mesmo de se estranhar e só nós mesmos para nos acostumarmos com isso. Quem sabe está na idiossincrasia alagoana, pois muitos não sabem, mas a política em Alagoas sempre foi tão confusa que somos o único Estado que foi governador por um argentino.
Foi na época do Império e o imperador encheu o saco com as brigas dos nossos políticos e decidiu nomear um argentino para governar Alagoas.
Pensando bem, a raiz do problema deve estar mesmo lá na origem. O Estado foi criado em 1817 como recompensa à fidelidade dos pernambucanos do Sul que não aderiram à Revolução Republicana, mas quem assumiu o comando político do novo Estado foi o filho da heroína republicana – Ana Lins, que dominava a região que hoje compreende o município de São Miguel dos Campos e pegou em armas para defender a República.
Criado o Estado de Alagoas quem assumiu o comando político? O filho dela, o Visconde de Sinimbu.
E nessa geleia geral o Estado vai marcando presença no cenário nacional pelas belezas naturais de que foi dotado e pela feiura da política que pratica, ó, há muito tempo.
Não é de se estranhar que o nível na campanha eleitoral em Maceió desça tão baixo e reedite a época em que o tom das campanhas era o insulto e o ataque pessoal. O alagoano não merece ser mantido nessa condição de viver num sub-Estado, onde prosperada o submundo da política e, como via de consequência, o submundo do crime.
Ao chamar o governador Téo Vilela de “cara de jaca”, o candidato Ronaldo Lessa deixa a entender que perdeu o verbo e o prumo. E isto não é bom para o candidato, que parece querer misturar “picolé Caicó” com jaca.
Uma mistura que não dá certo e, no próximo ataque, Lessa terá de explicar se é cara de jaca mole ou dura.