Na mitologia grega tem um personagem chamado Procusto, que deitava as vítimas dele numa cama e se os pés ultrapassem a testeira ele os cortava; senão, esticava as pernas das vítimas até os pés ultrapassarem a testeira para serem cortados.

Originou-se de Procusto a expressão popular “pecado por falta e por excesso”.

No caso do estaleiro de Alagoas tem aqueles que falam porque conhecem e outros que falam para não perder o trem – ainda que não saiba o destino. Em 2010, nós entrevistamos o empresário German Efromovich, no Rio de Janeiro, e ele já admitia que iria enfrentar dificuldades, mas que iria superá-las.

E essas dificuldades estavam – e estão – na oposição sutil que o projeto alagoano enfrenta por parte de Pernambuco, da Bahia e do Espirito Santo, que desejam a hegemonia do setor nessa faixa litorânea que se estende ao Nordeste.

O primeiro parecer do Ibama vetando o projeto do estaleiro alagoano é a prova inconteste dessa oposição sigilosa; onde já viu tantas aberrações? O que o Ibama tem a ver com hospital, escola e favela?

Nada.

Todavia, o veto foi justificado “porque o projeto alagoano iria atrair demandas para a saúde e a educação, setores reconhecidamente carentes no estado (Alagoas)”. E, também, porque (o projeto” “iria atrair uma onda migratória que levaria à favelização de Coruripe”.

E se não bastasse esse documento estapafúrdio, tem ainda o fato de o Ibama ter autorizado os institutos ambientais, ou seja, o IMA de Pernambuco, da Bahia e do Espirito Santo, a dar a licença ambiental para os estaleiros pernambucanos (o segundo), o baiano e o capixaba.

E por que não deu a autorização para o IMA alagoano?

Estão aí, caracterizadas, as ações discriminatórias do Ibama e negar isto é favorecer o inimigo. Diz-se agora que o Ibama reconhece a importância do estaleiro, mas o local onde foi projetado é inadequado e sugeriu escolher outro local.

Trata-se de mais um disfarce para a discriminação. Para reprojetar o estaleiro em outro local levaria-se mais um ano e o Ibama passaria mais dois anos para conceder a licença, prazo suficientes para os estaleiros na Bahia, em Pernambuco e no Espirito Santo já estarem funcionando.

Ou seja: o Ibama quer ganhar tempo, ao mesmo tempo em que aparece como o órgão que não vetou o projeto – apenas sugeriu procurar outro local para o estaleiro.

Mas, o pior, é que esse esforço do Ibama para camuflar a discriminação com Alagoas conta com o apoio de alguns alagoanos – que culpam os senadores Fernando Collor e Renan Calheiros. Esses alagoanos também são inimigos do Estado, porque ajudam a manter a farsa.

E quando o senador Renan Calheiros marcou posição firme contra a discriminação do Ibama, esses falsos paladinos defensores do estaleiro também se manifestaram. São os seguidores de Procusto, que criticam por falta e por excesso, apenas porque é a única coisa que sabem fazer.

Essa ira contra os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor deve ser faniquito de narcisista, que Freud explica porque todo narcisista tem uma situação sexual mal resolvida. E de faniquito em faniquito, esses críticos narcisistas ajudam a levar o estaleiro alagoano para mais longe.