Amigos, já escrevi aqui que sou contra greve de servidores públicos. Respeito porém, quem discorda de mim e considero que, juridicamente, servidores públicos têm direito a fazer greve. No caso da greve dos professores e técnicos das universidades federais, entendo, além disso, que os motivos para a greve são bem persuasivos.

O achatamento do salário dos professores e técnicos não é sequer comparável com o ocorrido na difícil época de FHC. Naquela época, destaque-se, vivíamos outro tempo. Tempo em que era necessário modernizar o serviço público e controlar os gastos. Hoje, o governo de esquerda, cheio da grana, escolhe aumentar despesas em todas as áreas, menos nas universidades.

Isenções para os empresários amigos, aumento de salário para cargos burocráticos, crescimento vertiginoso de funcionários com cargos em comissão. O PT adora um estado grande, desde que o nosso dinheiro seja gasto com os companheiros. Enquanto isso, professores têm hoje um salário ainda pior do que na época FHC. Professores e, sobretudo, técnicos, ganham muito menos que carreiras semelhantes no serviço público federal.

A disparidade entre os salários das carreiras federais é absurda! Não há qualquer plano para criar um critério único de forma a unificar salários dos servidores federais por faixa de escolaridade ou complexidade do serviço. Por outro lado, também não há qualquer iniciativa para dar salários compatíveis com o mercado. E qual o critério para os salários dos servidores? O poder político que certas carreiras têm e o impacto orçamentário de um aumento. Aumentar salário de procuradores é bem menos oneroso do que dar o mesmo aumento para os professores.

Para se ter uma ideia, um professor com doutorado e dedicação exclusiva em início de carreira ganha um salário líquido de R$6.000,00. Qualquer técnico judiciário sem curso superior ganha esse valor. Procuradores ganham em média um salário inicial de R$10.000,00. Juízes e membros do Ministério Público iniciam a carreira ganhando quase R$20.000,00.

Preciso ressaltar que também não concordo com a proposta do sindicato nacional (ANDES). Nela, professores ganham igualmente, sem qualquer critério de produtividade. Reconheço, inclusive, que o governo não deve mesmo aceitar propostas que deixam de lado a produtividade e a eficiência dos professores e servidores. Porém, a falta de uma proposta minimamente aceitável para o salário e a configuração da carreira docente vai tornar essa greve uma das mais longas que já houve.

Espero, sinceramente, que o impasse seja solucionado o mais rapidamente possível. Precisamos manter atividades essenciais em funcionamento, mas a graduação está completamente comprometida. O calendário fica todo alterado, tornando o custo de uma paralisação dessas inestimável. Mas, no fundo, o mais prejudicado é sempre o aluno.