O primeiro parecer do Ibama contra o estaleiro de Alagoas é uma peça que deveria ser exposta como prova cabal da má vontade e da discriminação. Serve também para desmoralizar o órgão, porquanto custa acreditar que tenha produzido semelhante peça.
No primeiro parecer, o Ibama se mostrava contra o estaleiro alagoano “porque iria atrair favelas em Coruripe e congestionar as rodovias.” E tal qual o mequetrefe, o Ibama se intrometeu onde não foi chamado para opinar nem tem competência para fazê-lo.
Dizia também o Ibama, no primeiro parecer, que o estaleiro alagoana iria aumentar a demanda por serviços públicos – saúde, educação – que já se sabia que o Estado não teria condições de arcar.
Esse primeiro relatório é igual a passar recibo da discriminação e da má vontade com Alagoas; é a prova que o Ibama desautorizou depois, por certo ao perceber a mancada, e alegou que não é um documento oficial; que se trata de um parecer independente e de uma opinião pessoal de técnicos do órgão em missão não oficial.
Agora seja!
O senador Renan Calheiros ocupou a tribuna do Senado para contestar o parecer do Ibama e advertir que o órgão está discriminando Alagoas. Renan quer reunir a bancada alagoana no Congresso Nacional para falar com a ministra do Meio-Ambiente e também se propôs a ir conversar com a presidente Dilma.
-"Nessa luta não tem partido político, o partido é Alagoas. Eu me coloquei à disposição do governador para irmos juntos, como já fomos outras vezes, tratar do estaleiro com a presidente Dilma, com os ministros, enfim, com quem possa dar uma solução. Acho que existe sim uma certa má vontade do Ibama com o estaleiro em Alagoas" - disse Renan.
O segundo parecer do Ibama caracteriza essa má vontade com o estaleiro alagoano e o senador Renan destacou “os dois pesos e as duas medidas” usadas em relação à construção do estaleiro no Espirito Santo, por exemplo.
No caso do estaleiro em Pernambuco, onde 1,6 mil hectares de mangue foram derrubados e aterrados, a licença foi dada pelo IMA. Em Alagoas, a Justiça Federal determinou que só o Ibama poderia conceder a licença.
Tem outro detalhe: o estaleiro alagoano desmataria uma área vinte vezes menor a área desmatada em Pernambuco e há o compromisso de se reflorestar numa área quatro vezes maior ao que se desmatar.
Nada disso foi levado em conta. O veto do Ibama contra o estaleiro em Alagoas estava desenhado, ó, muito antes de qualquer análise técnica.
Trata-se do não vi, não li, mas não gostei. Ou então: é Alagoas? Sou contra.