A violência se disseminou pelo país tal rastro de pólvora a estourar aqui e ali como produto de um mesmo pavio.
Não é, pois, exclusividade de Alagoas, ainda que tenha entre os componentes as falhas de administração das quais nenhum governador nos últimos 50 anos pode ser isento de responsabilidade.
Até mesmo a sociedade tem parcela de culpa seja pela omissão ou o individualismo. Quantos se omitiram; quantos fingiram que nada viam de errado, até que a violência bateu a sua porta e decidiu reagir?
Dentro do quadro de gravidade atual, qualquer um que venha desviar o curso da discussão sobre a violência para retirar proveito político deve ser considerado inimigo público.
Infelizmente existem os que torcem pelo quanto pior melhor, porque é assim, divagando sobre a violência, que se enfeita o palanque do demagogo.
O Plano de Combate à Violência, que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lança nesta quarta-feira em Alagoas, não é a panaceia para todos os males que acometem a sociedade.
O êxito desse plano depende de nós. Não adianta colocar mais policiais nas ruas nem armá-los “até os dentes”, se a sociedade alagoana não se engajar.
Vejamos o exemplo de São Paulo, que para combater os arrastões nos restaurantes, lançou a campanha vizinhança solidária. E o papel dessa vizinhança é alertar a polícia sobre a possibilidade do crime e isto, convenhamos, é uma missão difícil para alguns.
Lembre-se que, nas estradas, há os que alertam sobre a blitz sem saber que aquele que vem sem sentido contrário pode ser um delinquente. Essa realidade absurda preocupa o governador Téo Vilela, que sabe da importância do engajamento de todos no Plano de Combate à Violência e esse engajamento passa necessariamente pela transformação na maneira de ser e agir de alguns.
Os que torcem contra o êxito do plano, porque temem perder o verbo do discurso político demagógico e eleitoreiro, é mais nocivo à sociedade que o bandido que lhe rouba ou mata. E os que mantêm o costume de alertar sobre a blitz na estrada devem entender que agem em favor do crime – logo, não pode culpar depois a violência.
Esse plano que será lançado hoje tem essa característica de envolver todos como cúmplices do sucesso ou do fracasso. Todos: Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, polícias e a sociedade são responsáveis pela vitória ou pela derrota.
Só depende de nós.