A oposição em Brasília usa a peça publicitária do governador Agnelo Queiroz para achincalhe. A publicidade de Agnelo diz assim:
Tá mudando/ Tá mudando? Tá mudando pra melhor.
E a oposição repete o refrão, mas acrescenta: “tá mudando para pior”, a fim de alardear que Brasília só perde em violência para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Óxente, meu bichinho, e não é Alagoas o lugar mais violento?
Depende. Descobri que os números da violência dependem de quem os manipulam e para quem se dirigem – se para defender ou acusar. Tudo depende.
Um primeiro-ministro inglês, cujo nome não me recordo agora, escreveu que existem três tipos de mentiras: a mentira propriamente dita; a mentira capciosa e a estatística.
Espalharam por aí que uma garrafa peti demora 400 anos para se decompor na natureza e eu fico cá a matutar sobre essa estatística, e sem nada entender, porquanto a garrafa peti tem menos de 50 anos de uso - logo, como foi que alguém já mediu que demora 400 anos para se decompor?
Também já espalharam – e isto há mais de 50 anos – que o petróleo iria se acabar dentro de 30 anos.
E a situação ficou tão complicada que cada um usa a estatística da melhor forma que lhe convém. Em São Paulo, por exemplo, a estatística da violência tem metodologia diferente, de modo que sempre resulta numa curva decrescente – e isto por mais que se mate e se roube.
Não vamos, pois, discutir a violência apenas pela estatística, porque os números podem não representar a realidade diante da profusão de métodos e interesses.
A estatística do governo Agnelo Queiroz garante que “Brasília tá mudando pra melhor” e a estatística da oposição chegou a um resultado contrário.
O mesmo se passa em Alagoas, onde a violência é demonstrada com números, quando deveria ser exibida pela ausência de ações públicas, omissões em geral, o sucateamento do aparelho policial, a criminalidade dentro do aparelho policial, a desmotivação, a politicagem, etc.
Os números servem para maquiar uma realidade dando-lhe tons de gravidade ou não. E se o objetivo do Plano de Segurança que o ministro José Eduardo Cardozo vem lançar em Alagoas for apenas o de reduzir esses números, então nada feito.
A violência não está apenas na periferia e nos grotões, e quem entende diferente erra duas vezes: por discriminar e atribuir a culpa ao preto e ao pobre; e por proteger o verdadeiro culpado – que está acomodado nos poderes públicos, e alguns até disfarçados de paladinos da paz.