O assassinato de um médico em plena Praça Vera Arruda em Maceió despertou boa parte da comunidade da Jatiúca e Ponta Verde para protestar contra a violência em Alagoas. Fizeram uma bela passeata ontem à noite em Maceió. Vestidos de branco, cerca de 2.000 pessoas caminharam na orla maceioense reclamando do governador e pedindo paz.
Como não podia deixar de ser, logo vieram os discursos de sempre. “Só se manifestam porque foi um rico que morreu”. “A classe alta não liga para os pobres que morrem todos os dias na periferia”. Preguiça...
Eu dou outra interpretação para a situação. Em primeiro lugar, entendo que houve um choque não pela morte de um “rico”, mas pelas circunstâncias banais da sua ocorrência. A morte se deu por causa de uma bicicleta, o que torna provável a hipótese de que se tratava de mais um desses casos de viciados em crack ou drogas semelhantes que roubam qualquer coisa para vender e aliviar o vício.
Em segundo lugar, ficaram chocados aqueles que formam sua “comunidade”, como gostam de dizer os politicamente corretos. Foram as pessoas do bairro que se manifestaram pedindo paz e chocados com a violência gratuita contra um dos seus vizinhos e amigos. Não pode não? Se fossem as “lideranças comunitárias”, normalmente ligadas a partidos políticos organizando uma passeata contra as “elites”, aí ninguém reclamaria?
Sabemos que quem mora na Ponta Verde não necessariamente é rico. Mas e se fosse? Rico não pode protestar? Classe média não pode protestar? Paga altos impostos e não tem direito nem de cobrar do poder público como qualquer cidadão? Ou tem que criar uma ONG, financiada com dinheiro público, chamar “lideranças comunitárias” de todos os bairros de Maceió e, só assim, ter o direito de pedir paz?
Deixa eu destacar outra coisa importante. Quando moradores de rua foram assassinados em Maceió, muitas das pessoas que participaram dessa recente manifestação estavam lá, protestando contra o governo. O que mostra que esse discurso “pobres contra ricos” é, além de inadequado, mentiroso.
Muitos dos nossos problemas não são resolvidos por causa desse olhar enviesado sobre a segurança pública. Não estamos vivendo uma luta de classes! São os pobres morrendo nas mãos de criminosos! Temos traficantes e quadrilhas de assaltantes roubando ricos e pobres. Eu não aguento essa conversa de que o crime está necessariamente relacionado com a pobreza!
Vivemos um tempo de crescimento econômico, diminuição de índices sociais problemáticos, aumento do IDH. Estamos quase em pleno emprego! Mesmo assim, as regiões que mais cresceram no Brasil são justamente as que mais tiveram inflados seus índices de violência. Alguém pode me explicar?
Um militante desses partidos nanicos pode até gritar: “Ta vendo? Tudo culpa do capitalismo”. E é? E São Paulo, o maior Estado da federação, que tem o menor índice de homicídios do país? A questão é que o “capitalismo” também não tem nada a ver com isso. Políticas de segurança dependem da eficiência do estado em investigar e punir (de verdade) criminosos e de alguma rede de policiamento ostensivo eficaz. O resto é conversa mole.
Amigos, segurança pública é direito universal e não deve ser visto como uma questão de pobreza ou riqueza. Pobres e ricos são beneficiados da mesma maneira com uma polícia investigativa bem estruturada, iluminação pública eficiente e policiamento ostensivo. Pobres e ricos são beneficiados com o fim da impunidade.
No mais, louvo a atitude dos que protestaram. Parabéns.