A teoria do filósofo francês Jean Paul Sartre contribuiu para manter a utopia da dialética marxista-leninista do pós-guerra. Sartre ensinou que não se deve discutir “a natureza humana e sim a condição humana”.
Belíssimo!
A teoria matava dois coelhos com uma só cajadada porque atacava a teoria cristã do pecado original e justificava a teoria marxista de que a religião é o ópio da humanidade; e também referendava o materialismo sob todos os aspectos.
Na época da “guerra fria” a teoria de Sartre foi “uma benção”, pois vivíamos o sonho. Mas, eis que surgiu um gênio chamado John Lennon que disse: o sonho acabou.
Os limitados restringiram a frase ao fim dos Beatles, mas John Lennon foi muito mais além e tal qual o profeta previu o que se viu depois: o desmoronamento da utopia, porque não é a condição que faz o homem – no máximo, o lapida.
Sem pretensão alguma, pois me faltam engenho e arte, eu transferi a teoria de Sartre para a Lógica Matemática e apesar da premissa ser verdadeira a conclusão é falsa.
Exemplo: o bandido mora sem condições na favela, logo, quem mora na favela sem condições é bandido. Verdadeiro ou falso?
Falso. Sabemos ser falso, porque na favela também residem pessoas de bem, trabalhadores e honestos. Os bandidos que residem na favela sem condições seriam bandidos em outra circunstância – senão, a classe rica e a classe média não se envolveriam em crimes.
Os alagoanos já se acostumaram com as operações policiais nas favelas e também no Aldebaran. Ou já se esqueceram que todas as vezes em que a Polícia Federal realiza uma operação em Maceió o primeiro local do cerco é no Aldebaran?
Como explicar isso, se no Aldebaran existem todas as condições para se viver bem?
E agora vem o paradoxo para Sartre, um ateu declarado, cuja teoria reforça a teoria da Igreja segundo a qual o homossexualismo pode ser evitado e, para evitá-lo, “é só ter condições”.
Condições de tratar o homossexualismo. Ora veja, pois o homossexualismo é uma opção e mais recentemente tem sido uma demonstração explícita da natureza. Observem quantos homens estão nascendo com perfil feminino e quantas mulheres estão nascendo com perfil masculino.
Quando se discute o combate à violência partindo-se do pressuposto da condição humana, o que se está fazendo é a tentativa de reeditar o sonho que acabou. É claro que compete ao estado garantir as condições de sobrevivência a todos indistintamente, mas isto não deve servir de parâmetro para as ações de segurança pública.
É sim da natureza humana matar e roubar, senão Deus não teria ditado os 10 Mandamentos; é da natureza humana levar vantagem, senão o que seria dos impérios?
A violência que reflete mais agudamente em Alagoas tem causa nacional comum: o modelo de segurança pública no país é obsoleto e confuso. Não há país com o maior número de policias tal qual o Brasil.
Temos a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Judiciária, a Polícia Naval, a Polícia Ferroviária e a Guarda Municipal – e nada disse serviu nem serve e tenta-se o arremedo com a Força Nacional.
Temos leis que garantem o primeiro crime para o criminoso primário e cela especial para “doutor”; temos fórum privilegiado para bandido de gravata e capital e impunidade para parlamentar pelo crime que for.
Com polícias demais atuando isoladamente e leis demais garantindo direitos para quem não anda direito, a violência tem a terra e o adubo para prosperar.
Vai e volta e ressurge a discussão sobre os “gabinetes militares”, depois de tanto tempo de modas e costumes, com cada um dos três poderes arrancando um pedaço da Polícia Militar e formando o seu próprio quartel.
Tem o quartel do Executivo, constitucionalmente formado, e temos os quartéis do Judiciário e do Legislativo inconstitucionalmente formado. E como ninguém restaurou a moralidade, então surgiu o quartel do Ministério Público, o quartel do Tribunal de Contas e – pasmem! – até o quartel da Prefeitura de Maceió – que é ilegal, imoral e engorda.
Sim, mas mesmo assim vocês querem discutir a violência. Antes, eu sugiro olhar pelo retrovisor para saber se o “xis” do problema não está lá atrás.