As candentes farpas trocadas entre os ministros Cezar Peluso e Joaquim Barbosa, ambos da Suprema Corte Federal, só nos deixa a certeza de que a sobriedade e o equilíbrio andam escassos em alguns gabinetes pelas bandas da justiça em Brasília. Ao mesmo tempo revela o lado humano dos julgadores supremos que, longe de serem perfeitos, também se contaminam por sentimentos por vezes nobres, outras vezes mesquinhos. A divindade dos julgadores fica cada vez mais no plano patológico, mais do que ontológico. Ainda bem!

De certo que o ministro Peluso não foi um supremo Presidente, na concepção semântica da palavra. Decepcionou e muito sua ausência de trato e tato político com questões que poderiam ser geridas diferentemente. Mas daí acusá-lo de manipulador de decisões foi algo desproporcional vindo do ministro Joaquim Barbosa que, na ânsia de se defender do simplório epíteto de "inseguro", girou sua metralhadora verborrágica em todas as direções. Preocupante o cenário porque em novembro Joaquim Barbosa assume a presidência da casa e muitas  incógnitas ficarão no ar sobre suas atitudes e ações.

Só o tempo e novos capítulos da novela suprema nos dirá. Por enquanto nadaremos em mares calmos e poéticos do equilibrado ministro Presidente Carlos Ayres que já assume a missão de bombeiro-mor para colocar água fria na caldeira de vaidades oníricas.

Não obstante, algo de positivo se sobressai deste cenário burlesco do poder judiciário. É certo que não existirá unanimidade de posicionamentos e pensamentos na maior corte do país, até porque como já se afirmara certa feita, toda unanimidade é burra, e neste caso, insegura e manipuladora.