O ano letivo para as escolas públicas no Distrito Federal ainda não começou, porque os professores estão em greve.

A violência está fora de controle no Distrito Federal, porque a polícia está em “greve disfarçada” numa “operação tartaruga”.

Três ônibus da linha urbana ligando as cidades satélites ao Plano Piloto foram queimados esta semana, porque quebrou e deixou os passageiros no meio do caminho.

São ônibus velhos.

Alguém pode imaginar a justeza dos movimentos grevistas dos professores e dos policiais militares do DF, mas não há. Ambos são os mais bem pagos do país e da América Latina; nenhum professor ganha mais de 2 mil dólares mensais como salário inicial e nenhum policial recebe mais de 3 mil dólares de soldo de recruta – iguais aos do DF.

Imaginem os senhores que o salário do professor e o soldo do policial do DF servem de parâmetro para o resto do pais; qualquer reajuste é mais combustível no desejo contido, só Deus sabe como, país à fora.

Como não sou candidato, para ser demagogo, a verdade é que a sociedade deixou ir longe demais o direito de greve. Imagine o turista estrangeiro necessitar do serviço público e não conseguir ser atendido porque “estão em greve”.

Isso não existe.

E se continua a existir é por culpa da sociedade, que é prejudicada pelos grevistas e não reage; é por culpa do governo, que ameaça descontar as faltas dos grevistas e não desconta.

É o momento de o Poder Judiciário agir com rigor, porque o que está acontecendo aqui no Distrito Federal, com alguns policiais “comemorando” o crime, tem o efeito igual à luta pela equiparação salarial.

A dúvida atroz é: será que a onda de violência não é patrocinada pelos “grevistas”? Quem garante que não?

Ora, se eu posso protagonizar os meios para facilitar o atendimento das minhas reivindicações, é da natureza humana fazê-lo.

Quando alguém presta o concurso para o serviço público sabe quanto vai receber; e se depois promove greves, é porque existe a cultura que recomenda entrar para depois exigir. E como também existe a cultura do “jeitinho brasileiro”, o governo foi cedendo por receio de perder votos e a sociedade se tornou carrasco e vítima do mecanismo que ela ajudou a criar pela omissão.

Para onde vamos? Isso eu não sei; é melhor perguntar lá no Posto Ipiranga.

O que sabemos é que, amanhã, não haverá alfabetizados porque o professor está em greve; não haverá pacientes curados porque o medico está em greve.

E, se por acaso o Brasil precisar ir à guerra, vai perdê-la antes do primeiro tiro porque os soldados estão em greve.

Por melhores condições de trabalho.