Foi em uma aula na UFAL nestes últimos dias que me dei conta de algo triste e preocupante. Estava ministrando o assunto dos crimes contra a honra, quando iniciei, sempre usando o método socrático, o bombardeio de perguntas. O que seria a honra? Quais seus componentes? Qual a importância da honra para o convívio social? Todas as pessoas seriam (des)providas de honra?
As perguntas continuaram em tom de provocação para instigar o aluno a participar ativamente do processo pedagógico de aprendizagem. E aí lancei as indagações “As prostitutas possuiriam honra?” Os alunos foram enfáticos em afirmar positivamente. “Os ladrões?” Eles também acenaram positivamente. E lá pelas tantas fiz a pergunta que ora me leva a escrever e a refletir neste momento. “Os políticos teriam honra?” Foi uma algazarra. Gozação para cá, acenos negativos para lá, sussurros, urros e berros em tons negativos e o sentimento comum de que referida “classe” não seria possuidora de tal atributo.
O sentimento naquele momento, embora soubesse que os alunos estivessem respondendo de forma jocosa, foi de preocupação. Principalmente quando, com alguma razão, assistimos atônitos a desfaçatez de alguns maus políticos tentando defender a usurpação do dinheiro público em benefício próprio. “Vale” terno, “Vale” combustível para dar a volta ao mundo em um mês, “Vale” mansão, “Vale” Cachoeira, etc, etc, etc.
Respeito muito o poder legislativo e acredito que ele deve desempenhar papel transformador na sociedade que clama por leis melhores, sistema normativo decente e democrático, mas efetivamente sou forçado a concordar que ultimamente nossos parlamentos têm mais nos envergonhado do que dignificado. E o pior, sabemos que todos eles, “os ungidos” chegaram lá de forma democrática e por eleições diretas. E daí a conclusão de que eles, os políticos, são o espelho do povo, ou seja, eles são aquilo que nós somos.
Resta a pergunta que não fiz aos meus alunos, que então por conclusão provocativa deixo aqui ao leitor do blogue: “Seríamos, nós, os eleitores, por decorrência lógica pessoas honradas?