Quem assistiu a cobertura da visita do Papa Bento 16 a Cuba apenas pelo Jornal Nacional da Rede Globo ficou sem saber o verdadeiro motivo da visita de Sua Santidade à Ilha. Aliás, o Jornal Nacional já não é o mesmo – a cobertura está fraquíssima.

Mas, quem saiu trocando de canal e sintonizou os outros canais se satisfez com o noticiário completo e, ainda que “enxuto” devido à submissão ao tempo, ficou sabendo o motivo de o papa ter ido se encontrar com as lideranças cubanas.

E qual o motivo da visita do papa a Cuba? Foram basicamente dois:

1) Obter autorização para o ensino religioso Católico, Apostólico e Romano, claro, mas escolas cubanas.

2) Obter autorização para fundar universidades em Cuba, do tipo Universidade Católica, evidentemente paga.

É verdade que o fim do regime comunista na Europa tem a ver, e muito, com o trabalho pastoral do falecido Papa João Paulo II. Tanto é assim, que o protestante George W. Bush se viu obrigado a reverenciá-lo na Casa Branca.

Afinal, o que o exército mais poderoso do mundo não conseguiu à bala, João Paulo II conseguiu no verbo – ou seja, na conversa, na pregação, nas homilias.

E como tudo na vida é política, principalmente a religião e seja ela qual for, Bento 16 entregou nas mãos da Virgem do Cobre o futuro dos presos políticos cubanos que ousam desafiar o regime – que nada tem de comunista, até porque o comunismo só existiu na pré-História, mas se apresenta erroneamente como tal.

Quem diria, pois, que um dia a foice e o martelo iriam se juntar ao crucifixo dentro de uma sacristia. Ou, mais precisamente, que o marxismo se ajoelhasse entorpecido pelo “ópio da humanidade”.

E que Fidel Castro pedisse ao papa para lhe indicar um livro capaz de fazê-lo entender o que é a vida – que a religião simplifica na sua origem e muitos velhos, à aproximação da morte, terminam por se apegar ao que em vida considerou demasiadamente simplório para acreditar.