A semana atribulada com a troca de líderes do Governo na Câmara e no Senado foi marcada no final com uma cena que chamou a atenção da presidente Dilma Rousseff – que interrompeu o que estava fazendo e foi até ao encontro deles.

Deles quem?

Do senador Renan Calheiros e do senador Eduardo Braga, que conversavam juntos num “pé-de-orelha” que todos viram e poucos entenderam.

Para entender: o senador Eduardo Braga é o líder do chamado “Grupo dos 8” ou G-8, que é composto por oito dos 20 senadores do PMDB que se contrapõem ao grupo dos senadores José Sarney e Renan Calheiros.

Essa divisão no PMDB sempre existiu, até pela origem do partido – que começou como movimento democrático. Mas, a formação do G-8 levou para o público a disputa interna.

O grupo Sarney-Renan leva a vantagem por ser maioria e, ainda, porque conhece os meandros da Casa. E o embate se dava com posições explícitas de rebeldia, até que a presidente Dilma teve a ideia de convidar Eduardo Braga para líder do Governo.

Ao ver Renan e Eduardo conversando num canto, na maior intimidade, Dilma se dirigiu aos dois e os abraçou pedindo: “Quero vocês juntos”.

E por falar no senador Renan Calheiros, ele avisou que só vai tratar da sucessão (eleição para prefeito) em abril. Por quê?

Porque ele acha que somente depois de abril é que se começa a definir as candidaturas para valer.

Mas, em Arapiraca já está tudo definido – disse-lhe e o senador Renan respondeu que “em Arapiraca é diferente”.

“Em Arapiraca tem um prefeito com aceitação superior a 80 por cento, que realiza uma administração histórica, não existe no Nordeste nenhum município com doze escolas em tempo integral. Isso é fantástico. E tem a Célia (Rocha, deputada federal) que se elegeu com 70% dos votos da região. Convenhamos que não haverá eleição em Arapiraca, mas uma consagração pelos serviços que o Luciano e a Célia prestam e prestarão ao município" - disse o senador.

- O que o senhor acha da candidatura do deputado federal João Lyra?

Renan – O deputado João Lyra tem todo o direito de pleitear uma candidatura (a prefeito). O deputado João Lyra tem um partido e se quiser ser candidato basta comunicar, ele (João Lyra) não depende de ninguém para ser candidato. Ninguém pode impedir a candidatura do João Lyra.

- Qual seria então a posição do senhor em relação à sucessão em Maceió?

Renan – Eu não quero falar sobre isso (eleição para prefeito) agora. Só em abril. Você veja a minha situação: todos os nomes citados até agora para disputar a Prefeitura de Maceió votaram em mim. Todos, inclusive os candidatos do governador. Então, fica difícil...

- É por isso que o senhor tem evitado aparecer nessas festividades...

Renan – Olha, eu tenho evitado sim. Tenho evitado porque você sabe, as insinuações são muitas sobre candidatura a governador e isto para mim é um desrespeito ao eleitor. E eu preciso estar presente porque dos 102 prefeitos apenas três não me apoiaram. Essa semana eu recebi (no gabinete em Brasília) o prefeito de Palmeira dos índios, James Ribeiro, que é do PSDB e me apoia. Eu ajudei a eleger o prefeito de Joaquim Gomes, que também é do PSDB, e estive lá em Joaquim Gomes.

- E o seu relacionamento com o governador Téo Vilela, como está?

Renan – Eu tenho atendido todos os pleitos que recebo do governador. Todos, inclusive para arranjar os encontros com o governo Dilma.

- E sobre o estaleiro, como está o processo?

Renan – Também me empenhei para discutir a questão do estaleiro com o governo federal, para resolver a questão do Fundo da Marinha Mercante, que não contemplava Alagoas e agora contempla. Mas, a questão do estaleiro é complexa por se tratar de um investimento muito alto onde existe uma disputa de certa forma desigual. Por exemplo: o projeto do estaleiro de Alagoas é de um grupo só, de uma pessoa só, enquanto os projetos (estaleiro) em outros estados são de consórcios de empreiteiras poderosas. Mas tenho me colocado à disposição do governador e se necessário nós iremos até a presidente Dilma. Pode ter certeza.