O norte-americano Daniel Everett, pastor evangélico, confessou na entrevista à revista Veja que perdeu a fé e agora é ateu.
Uma das maiores autoridade em linguística no mundo, Daniel contesta a tese de Noam Chomsky, que diz ser a linguagem um atributo físico inato ao cérebro humano.
Daniel diz que não é e gasta o tempo agora pesquisando a linguagem para saber por que só o ser humano foi capaz de desenvolvê-la. Daniel, ex-pastor e hoje ateu, não acredita mais na versão simplória da Bíblia.
O ex-pastor Daniel perdeu a fé no Brasil, exatamente quando estava traduzindo a Bíblia para a língua piraã, os índios da Amazônia com o qual conviveu por mais de três anos tentando convertê-los para o protestantismo.
Daniel contou que um índio piraã lhe perguntou já viu Jesus e ele (Daniel) respondeu que, pessoalmente, nunca o viu. E o índio reagiu dizendo que ele (Daniel) falava sobre uma pessoa que não conheceu.
O ex-pastor adiantou:
“Um dia, um piraã me disse: nós gostamos de você, mas sua mensagem nada significa para nós”.
Professor da Universidade de Massachester, o ex-pastor Daniel foi mais além na definição sobre Jesus:
“Para mim, se Jesus existiu mesmo, foi apenas uma pessoa boa, mas não o filho de Deus”.
Surpresa com a decisão do marido, a esposa pediu o divórcio e condicionou retomar o casamento somente quando ele voltasse à religião, voltasse à igreja e voltasse a ser pastor.
Daniel não quis e, assim, a religião perdeu mais um vendedor de ilusão. E, para felicidade geral, em compensação a humanidade ganhou o maior etnónolo da atualidade.
Que bom!
Mas, gente, guardada as devidas proporções, eu também perdi a fé quando, em 1993, ouvi seguinte relato de um índio Xavante. Seguinte:
“Tupã apareceu para Tamandaré e disse-lhe que subisse com a esposa na palmeira mais alta, porque ele (Tupã) ia fazer chover vários dias e várias noites e inundar toda a terra. Caberia a Tamandaré e a esposa se salvarem e procriar para habitar a terra.”
Gente! Não é a mesma “estória” do dilúvio de Noé? É até mais digerivel, porque Tupã não mandou que o índio Tamandaré subisse na palmeira mais alta levando um casal de cada animal.
Pois bem; essa versão que ouvi do índio Xavante me levou à reflexão: como ele (índio) sabia do dilúvio se nunca leu a Bíblia?
Conclusão: o dilúvio é uma “estória” que faz parte do inconsciente de vários povos, e cada um com a sua versão. No caso do Cristianismo, a versão é estapafúrdia com Noé colocando dentro de uma Arca de madeira o bode e a onça; jacaré e cobra d´agua; crocodilo com rinoceronte; o leão e o coelho; a serpente e o sapo...e tudo por 40 dias e 40 noites.
Pense no bafafá nessa arca!