A polícia mais bem paga do Brasil só consegue elucidar 60% dos crimes, e esta é a maior média nacional registrada aqui em Brasília.
É possível que haja polícia no mundo capaz de chegar aos 100%, mas no Brasil contenta-se com menos; os 60% já dão a Brasília o status de “bem policiada” – e, na prática, não é assim.
A exceção é o plano piloto, onde residem as autoridades; nas cidades satélites a violência se iguala às regiões mais violentas do país.
Comparando-se com Alagoas, cujos números levam à conclusão sobre a falência do aparato de segurança pública, a média nacional está muito distante. Em Alagoas, a polícia só elucida 20% dos crimes.
Há que se discutir essa realidade tenebrosa olhando pelo retrovisor, porque o problema em Alagoas não é só a falta de policiais. Não se trata de quantidade, mas de qualidade -0 que nada tem a ver com quantidade.
A realidade tenebrosa atual é o resultado do uso político da estrutura de segurança pública – que deixou vícios ainda irremovíveis; do sucateamento, da desmotivação, da falta de compromisso, etc.
A polícia civil e militar de Brasília também é bem treinada; a Academia deles funciona de verdade e a ingerência política não existe.
A polícia alagoana só elucida 20% dos crimes porque só trabalha com 20% da sua capacidade, seja material ou pessoal.
O senador Renan Calheiros, autor da PEC 300, que institui o piso nacional de soldos e vencimentos para os policiais militares, civis e bombeiros, aponta a melhoria salarial como o primeiro passo, mas entende que é também necessário investir em equipamento e treinamento.
Nos Estados Unidos, de cada dez policiais oito está trabalhando no serviço de inteligência e apenas dois estão nas ruas. No Brasil e, ainda pior, em Alagoas, dá-se o inverso cruel.
Ora, sem um serviço eficiente de inteligência, não há polícia capaz – logo, os números só poderiam ser mesmo esses e todos negativos.
Primeiro é preciso que a sociedade diga que tipo de polícia ela deseja.