Mais um 8 de março se foi.
Felicitações convencionais, sorrisos amarelos, parabéns de políticos e aspirantes se passaram.
Mas e a partir deste 9 de março, neste dia seguinte, será que a realidade vergonhosa de desrespeito – e em especial de violência doméstica contra as mulheres – mudará?
Vamos a alguns números, apresentados pelo Agência Patrícia Galvão, iniciativa do instituto homônimo que produz notícias sobre os direitos das mulheres:
- Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica.
- Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência.
- 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso.
- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema.
* Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon / Ipsos entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011.
- 91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”.
- Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
- O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.
- Cerca de seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e cerca de quatro em cada cinco (78% e 80% respectivamente) têm uma percepção positiva da mesma.
* Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC.
- O medo continua sendo a razão principal (68%) para evitar a denúncia dos agressores. Em 66% dos casos, os responsáveis pelas agressões foram os maridos ou companheiros.
- 66% das brasileiras acham que a violência doméstica e familiar contra as mulheres aumentou, mas 60% acreditam que a proteção contra este tipo de agressão melhorou após a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).
* Quarta edição da Pesquisa DataSenado, concluída em fevereiro de 2011.
A violência contra a mulher é fenômeno motivado por causas sócio-cuturais e, especialmente, pela deficiência crônica de nossos mecanismos de responsabilização.
Façamos deste "Dia Depois..." uma oportunidade para darmos continuidade a um processo de mobilização e conscientização. Principalmente para a ampliação deste movimento.
Não façamos do 8 de março somente mais uma data no calendário. Pensar no que fazer a partir do hoje, um dia após ao Dia da Mulher, e de forma ininterrupta durante todo o ano, é vital nesta estratégia de cidadania. Sempre!
Os dados acima indicam: falta conhecimento mais disseminado sobre leis como a Maria da Penha, os agressores são conhecidos (e quase sempre os mesmos, próximos e íntimos...), impera o ranço da impunidade e autoridades falham na apuração e acompanhamento dos casos.
Por isso, não basta ofertarmos flores, elogios, palavras e gestos somente no oitavo dia de março.
Precisamos é de AÇÃO durante o ano todo.
Neste contexto, o que Estado, e o que Muncípios estão fazendo de concreto, para além de colóquios, seminários e simpósios, entregas de rosas ou afagos?
Os agentes de segurança, os magistrados, o Ministério Público, as entidades da sociedade civil estão, concretamente, discutindo o tema durante o ano inteiro?
Tomara que sim!
E toquemos no tema o ano inteiro e não somente nos oito de março.
E não somente quando uma vítima feminina tomba morta ou vê sua dignidade assassinada.
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