Não somente eu, mas todos os alagoanos e alagoanas torcem para que o ambicioso – e necessário – plano integrado “Crack, É Possível Vencer” seja coroado de êxito.

O plano chegou hoje a Alagoas, com mais uma reunião, mais um planejamento, mais um grupo de trabalho, mais power points, mais palavras... que, queiramos, convertam-se em ações concretas.

Segundo informações oficiais e nacionais “o governo federal pretende investir até 2014 um total de R$ 4 bilhões no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. O dinheiro será aplicado em diversas ações de políticas públicas integradas, em diversos setores como saúde, educação, assistência social e segurança pública. A responsabilidade também será compartilhada com estados e municípios que terão o compromisso de oferecer apoio”.

Desejo todo o sucesso para os envolvidos na empreitada indispensável e inadiável!

Afinal, o crack destrói por completo seres humanos.

E destrói suas famílias, sem distinção de classe ou de condição social.

E nas famílias, a meu ver, deve se concentrar uma entre as principais linhas de atuação do plano.

Porque para além do descaminho de entes queridos, são famílias inteiras que se desestabilizam, desintegram-se, desnorteiam-se diante da dor de assistirem ao esfacelamento da integridade de seus filhos, filhas, irmãos, irmãs, pais e mães pelo efeito hiper nefasto e super cruel que o crack produz.

Todos sofrem, apequenam-se em infortúnio.

Em especial os pais e as mães.

Sou pai, e só quem é pai, ou só quem é mãe, pode sentir ou imaginar sentir a dor sem fim de perder um filho para o vício da droga, que lança o menino ou a menina (sim, nossos filhos são sempre nossos meninos e nossas meninas...) a uma espécie de morte em câmera lenta, tão sórdida que faz de sua vítima um zumbi, um morto-vivo, um escravo de difícil, porém possível, alforria.

Acreditemos sempre nesta alforria. Ela não só é possível, como é viável.

Convivi e convivo com amigos e amigas que passam por esta lástima de ter um filho ou filha dependente químico.

Homens e mulheres que enfrentam a dura realidade de ver seus meninos e meninas viciados em crack. Acompanho suas dores, vejo a erupção de suas feridas na alma e no coração.

E lágrimas nestes momentos são sempre irrefreáveis.

Por isso, faço uma singela sugestão aos tecnocratas envolvidos no plano do governo federal, e em sua articulação com o governo do estado e as prefeituras, em especial a de Maceió.

Mais que buscar “auxiliar as famílias envolvidas” como as informações oficiais do plano apregoam, façam destas protagonistas desta iniciativa de Estado.

Como? Simples: ouvindo-as.

Antes de pensar em dar assistência, pedagogia, acompanhamento ou qualquer outro apoio, primeiro escutem e entendam a eclosão de afetos que emana dos pais e mães que colocaram as vítimas do crack neste mundo infeliz.

Saibam de suas experiências, compartilhem de suas angústias, chorem com eles e com elas o choro da desilusão para, na sequência, acenderem juntos a chama viva da reabilitação.

Chama esta que jamais deve se apagar.

Não construam mais um plano governamental com a frieza, com a esterilidade ou com a assepsia negligente dos gabinetes.

Antes das propostas de mais polícia, mais internamento ou mais formulários, tentem sentir o flagelo que bate em cada peito paterno e materno.

É claro que muitos pais e mães se “protegerão” e não quererão revelar seus relatos, envergonhados, sentindo-se menores ou ilusoriamente fracassados em sua missão de criar.

Porém acredito que muitos, inúmeros, incontáveis pais e mães não hesitarão em expor suas feridas de forma solidária, tentando fazer de sua aflição um bálsamo e um antídoto, ofertando-os a seus semelhantes.

Para uns esta proposta pode parecer ou sonhadora, ou inoperante.

Para mim ela é emancipadora, fraterna, cidadã, efetiva... humana.

Certamente, este acolhimento, esta audição, esta partilha e este ombro está entre uma das maiores necessidades de quem sai de casa e, na volta, constata que o crack se fez ainda mais presente na vida de seu pequeno, ou de sua pequena.

Espero que os governantes, secretários e especialistas tenham esta sensibilidade.

 

 

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