O imperador Pedro II era um homem dedicado às ciências e atualizado; ele se correspondia com cientistas e foi assim que surpreendeu o presidente dos Estados Unidos, que o convidou para uma feira industrial na Filadélfia, e viu a intimidade do imperador brasileiro com Gran Bell – que alguns rotulavam de louco por anunciar um aparelho “que falava e ouvia” à distância.
Ao avistar Pedro II, o “louco” do Gran Bell sugeriu que ele testasse o aparelho – que era o telefone. E vem daí a célebre frase do imperador brasileiro, em inglês fluente:
- My God! Its take! ( Meu Deus! Isso fala! )
O Brasil deve a Pedro II a Botânica, a Comunicação e Telefonia, a Metalurgia, as Artes Plásticas, a Economia, enfim, deve o protótipo de nação.
Pois bem; este homem que numa feira industrial nos Estados Unidos se transformou na primeira autoridade a atender uma ligação telefônica no mundo, e ainda mais feita pelo inventor do telefone, também era capaz de estar em Piranhas, no alto Sertão alagoano.
E isto no século 19!
Nos contatos com os cientistas com os quais se correspondia em vários idiomas, o imperador Pedro II soube dos projetos de geração de energia elétrica a partir de cachoeiras dragadas nos rios. Uma delas, especificamente para o Nordeste, era a cachoeira de Paulo Afonso Viveiros – o nome do dono das terras naquela região entre Alagoas, Bahia e Pernambuco.
Lá, sô o esmo da caatinga. Nada havia para acomodar o imperador e mesmo assim ele foi. Saiu do Rio de Janeiro, passou por Maceió, entrou no Rio São Francisco na direção de Penedo e seguiu até Piranhas – que é o ponto final da navegabilidade do São Francisco, a partir da foz.
Entre Piranhas e Petrolândia-PE, que se chamava na época Jatobá, não dá para navegar pelo São Francisco e o imperador Pedro II autorizou a construção de uma ferrovia ligando as duas cidades e, conseqüentemente, os dois estados.
A ferrovia, com 100 quilômetros, foi construída em 1 ano. Depois de tanto tempo operando, em 1964 foi desativada sob a alegação de que dava prejuízo, e pode voltar a receber o trem, hoje, porque a obra foi bem feita.
Hoje, quando se comemora em Piranhas a possibilidade da volta da ferrovia, ainda que com finalidade turística, é o momento de reverenciar a memória daquele que foi mais que um brasileiro ilustre. Foi também um visionário.
Viva o Imperador Pedro II!