O júri encanta! Acredito que por ser a expressão popular dentro dos fechados e tortuosos caminhos do Poder Judiciário é que atraia os olhares de todos.
Os jurados, pessoas comuns, são chamados no júri a fazer aquilo que exigimos das pessoas "letradas" todos os dias: JUSTIÇA!
Embora reconheça que o sentimento de justiça é fluido e polissêmico, continuo a defender que o júri cresça e se fortaleça com a participação efetiva da sociedade.
Sou ferrenho defensor do júri, embora reconheça que necessitamos de alguns aperfeiçoamentos, como por exemplo, a escolha dos jurados ser feita de forma aleatória e sem qualquer conhecimento acerca de quem são os componentes do conselho de sentença, como pensam, como agem, qual seu grau cultural, sua formação religiosa, política etc..
Outro mecanismo que precisa ser atenuado, por impossível de ser extirpado, é a influência que a mídia realiza na opinião e no conceito sobre o caso a ser julgado pelos jurados.
Por exemplo, no caso Isabela Nardoni, a população acompanhara de forma episódica todo o desenrolar da investigação apontando a culpabilidade do pai e da madrasta. Assim, ambos já se sentaram no banco dos réus como dois condenados, e não como dois acusados... mas isto é tema de teses de conclusões de curso, mestrados e até de doutorados a que provoco os leitores a se aventurar.
Não me atreveria a retirar a liberdade de imprensa em divulgar e noticiar os fatos em casos tais, nunca!
Por fim esclareço que no júri não há vitoriosos ou derrotados.
Acredito que sempre há sofrimento, pois a condenação e/ou absolvição não traz de volta os entes queridos, talvez provoque uma boa sensação de (in)justiça - o que é importante, ou em alguns casos revoltante - mas também uma eterna preocupação: será que o veredicto acertou a pessoa a ser condenada e/ou absolvida?
Esta dúvida persistirá sempre, mas não porque foi decidida por um conselho de leigos, até porque juízes togados também erram - e como!
Talvez porque o ato de julgar seja mais humano do que jurídico, haja mais sensibilidade do que razão, seja mais empírico do que científico.
Que a participação de todos seja sempre assim, positiva com francos e abertos debates sobre o que queremos da justiça.
Quanto a mim continuarei sempre a estar na defesa da liberdade do ato de julgar do povo, pois como me relatou meu amigo Raimundo Palmeira, "a liberdade é tão valiosa quanto o amor".
E assim sigamos, livres e amando a vida, sempre!
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