O governo estadual anunciou que em 2012, finalmente, realizará concurso para repor parte do efetivo das polícias militar e civil.

Ótima notícia! Não podemos deixar de reconhecer!

Ótima, porém insuficiente! Não podemos deixar de ressaltar!

Só o concurso não resolve o caos da criminalidade que assola Alagoas e não minimizará, de todo, a guerrilha urbana que se instalou em Maceió.

Isto porque, que fique bem claro, a culpa não é só do governo do estado. Ou, no mínimo, deste governo.

E nisso devemos ser honestos.

Podem eleger, ou empossar no Palácio República dos Palmares, o Superman, o Dalai Lama ou Jesus Cristo em carne viva (com todo respeito e com licença da metáfora!).

Não haverá jeito em curto prazo ou solução milagrosa para esta chaga que macula nossa dignidade: estado campeão de homicídios, em polvorosa com roubos em progressão geométrica, desacreditado nacionalmente.

O município de Maceió tem sua parcela de culpa. Ao abandonar a juventude e as políticas públicas de saúde, educação, lazer e cultura, a prefeitura peca no combate à violência. Combate que é seu papel sim por meio da atuação e presença nas comunidades que o poder público maceioense deveria ter.

As prefeituras do interior também têm suas parcelas de culpa. Ao negligenciarem desenvolvimento as suas localidades, os gestores municipais (e os parlamentares das cidades, também) impelem populações inteiras ao êxodo, à migração forçada para a capital. Daí o pobre no interior vira miserável e favelado em Maceió. Aí está dado um passo para a marginalização.

Nossa elite econômica (que lamentavelmente não é elite cultural) também tem sua parte de culpa. Não digo os grandes, pequenos, médios e micro empresários que empregam mãos alagoanas e recolhem seus tributos em dia. Falo dos “homens de negócios” que durante décadas lesam o estado com sonegação fiscal, com artifícios jurídicos que os “desobrigam” de pagar contas de energia, com maracutaias e lavagem de dinheiro de políticos corruptos... isto entre outras artimanhas espúrias.

As gestões passadas do governo do estado também têm sua parcela de culpa. E olhem que os dados oficiais indicam isso: a violência deu seu “pulo do gato” na primeira metade da década de 2000.

A atual gestão também tem sua parcela de culpa. Mesmo a despeito dos esforços, os resultados ainda estão aquém do esperado. Isso todos sabemos. E vivenciamos!

E nossas sucessivas bancadas de legisladores federais também têm sua parcela de culpa. E como têm. Isso todos sabemos. E vivenciamos!

Assim como nossa parte de nossa intelectualidade, passiva e “acomodada” no poder... assim como parte de nossa esquerda que muito “esbraveja”, mas em nada age (quando não se conluia com as outrora “forças do atraso”, quando não se isola em reacionarismo acreditando que a Rússia de 1917 ou Cuba na atualidade são exemplos para o mundo).

Enfim, somos todos culpados.

Precisamos refundar Alagoas com uma nova ética pública.

Ética baseada no coletivo, na partilha e na inclusão.

Sem pieguice publicitária, sem bravata de falso moralismo da politicagem canalha de todos os matizes, de todos os partidos.

Enquanto não fizermos nosso mea culpa e agirmos, continuaremos procurando responsáveis.

Enquanto bandidos procuram o que nos roubar, o que nos vilipendiar.

Ou enquanto a bala nos persegue, sanguinária, sanguinolenta, vil e assassina.

 

 

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