O certo é que o Instituto Médico Legal sempre foi desaparelhado, numa ação dirigida com o propósito de mantê-lo sob controle do estado e não da sociedade.
Aparelhar o IML significa facilitar a descoberta de crimes que o estado – ou o aparato policial – não tem interesse em descobrir.
Não por acaso, o IML esteve atrelado à repressão no período da ditadura. E esse erro brutal é mantido porque não se muda o “status quo” sem rupturas.
A quem interessa o IML independente, desatrelado da policia e vinculado ao Ministério Público?
Interessa primordialmente à sociedade e aí está o embargo, porque a sociedade deve ser mantida sob controle. Esse é o pensamento deles.
Ora, se é o Ministério Público que defende a sociedade, como justificar que a criminalística e a perícia estejam fora do seu estrito e exclusivo controle?
Daí, os problemas no IML vêm do desaparelhamento ao uso político dos seus serviços. E esse uso político não se dá apenas em nível do escalão maior, mas também nas escalas inferiores.
Os inocentes pueris ou os coniventes acreditam que as vítimas de balas enterradas com os projeteis no corpo são apenas resultados desse descaso e desse “desaparelhamento” do IML.
As vítimas foram enterradas com as balas no corpo porque alguém tem interesse no crime e, no caso, é para proteger o criminoso.
Digamos que, no máximo, houve negligência – o que, no serviço público, é crime.
Isto porque há sim meios de se retirar a bala. Basta querer e, como eles não quiseram, lá vem o enterro voltando.
E também o sofrimento da família das vítimas, que é obrigada a sepultar o ente querido duas vezes.