ALô? É do disque denúncia? Sim queria denunciar que...
A boataria se espalhou e tomou conta das mentes criativas e de algumas não tão criativas assim. Algumas autoridades se esqueceram do seu verdadeiro papel e se misturaram ao imaginário popular para participar de um grande enredo (quase carnavalesco, já que estamos em período pré-momístico) de lendas urbanas com sangue, suor e lágrimas. Tudo isso, lógico, apimentado pelos oportunistas de ocasião que sequer sem fazer um único esforço mental acreditam até que Papai Noel existe, quando lhe interessam. E assim foi com o caso recente dos deputados Cícero Ferro, Dudu Holanda e Maurício Tavares.
Por trás do imaginário popular uma fonte insuspeitíssima: a Polícia Federal. Passou ela a ser instituição acima de qualquer suspeita, inatacável, que não comete erros depois das operações - umas tão midiáticas quanto espalhafatosas - que acabaram prendendo "gente do poder".(Só um dado ao leitor: a União já foi condenada a pagar mais de 1,6 milhões de reais em indenizações por erros cometidos pela PF nestas "gigantescas operações"). E aqui não estamos a execrar a combatente força tarefa, ao contrário, mas também não concordamos com a sua sacralização. É só para situar que até eles da PF são passíveis de erros. E erram, como todos nós erramos também, seres humanos que somos.
O próprio governador do Estado de Alagoas saiu (ao menos assim foi divulgado pela mídia local) em defesa da PF dizendo acreditar que o plano assassino existisse. Talvez se o confrontássemos com a "operação Navalha", protagonizada pela mesma PF, sua opinião mudasse de cor, ou de direção. Já os boatos de arrastão, ou os dados da violência em AL são tidos pelo mesmo governador como irreais ou "fantasiosos" e não existem. Bem, mas isso é uma outra estória e eu mesmo já fiz a defesa do governo no tocante à boataria dos arrastões a que fomos levados, logo, sinto-me à vontade para tocar no tema em tela.
Conquanto à credulidade das acusações eu prefiro dar a todos, indistintamente, a aplicação do primado constitucional da presunção da inocência aliado ao ônus da prova que cabe sempre a quem acusa. E no caso concreto aqui traçado quem acusou não conseguiu, minimamente, trazer indícios da existência da trama.
Depois de tantos enredos de que haviam militares de Pernambuco e Alagoas presos com armas já na espreita da sanha assassina, hoje somos sacudidos com a notícia de que tudo foi fruto de um telefonema anônimo, "mas com muita credibilidade". Tanta credibilidade que não sabia que o deputado Maurício Tavares estava em Portugal. A credibilidade, a meu ver, se deu, tão somente por conta dos personagens envolvidos. E só. O resto foi preenchido com o empirismo do imaginário candente de "mentes brilhantes".
Por isso, fica aqui a lição para todos: o silêncio por muitas vezes é mais sábio e mais producente.
Tuitam? Então venham estou no @weltonroberto